Siglas:
SC –
SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB –
ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO BRASIL, dos. 43 da CNBB
CDAP –
Celebrações dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN –
Documento da II Conferência Episcopal Latino-America, realizada em
Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA –
Documento da III Conferência Episcopal Latino-America, realizada em
Puebla/México, em 1979.
Para entender o Mistério Pascal de Cristo...
(1)
Miguel,
com 62 anos de idade, muito descontente com as palavras difíceis que os padres
e as catequistas usam para explicar as coisas de Deus, ficou a “ver navios” com
a explicação que deram sobre celebração litúrgica.
Houve
uns problemas e conflitos de terra na comunidade de Pinhalzinho. No final da
reunião, o bispo, que soubera conduzir muito bem as reflexões, perguntou:
-Alguém
tem mais alguma pergunta que gostaria de fazer ao bispo ou à comunidade
reunida?
Miguel
não teve dúvidas. Levantou-se, ergueu a mão, com o chimarrão na mão esquerda,
perguntou:
- Senhor bispo, há tanto tempo que falam de um tal
Mistério Pascal de Cristo. Quanto mais explicam, eu menos entendo. Dá para o
senhor explicar para nós, de um jeito bem simples, o que é isso?
O
bispo, naquele tipo de reunião, nunca esperou tal pergunta. Meio sem saber por
onde começar, olhou para o Miguel e, percebendo que qualquer resposta não
contentaria o amigo, disse:
- Vou contar três histórias verdadeiras e tenho certeza que
você vai entender um pouquinho mais o que vem a ser o Mistério Pascal de
Cristo.
Já eram
22h30 min. O pessoal estava atento. Manoel, responsável pela chave do salão,
pensou consigo: “Esta conversa agora... Mais uma vez, vai cruzar a
meia-noite...”
O bispo falou simples, fez gestos, rabiscou o quadro
verde... Eis o resumo da explicação que ele deu ao Miguel e à comunidade
reunida.
FATO 1
Dona
Cida, casada com Pedro Leal, motorista
de ônibus, mãe de seis filhos, levanta todas as manhãs às 04h30min. Dirige-se à
cozinha e coloca água no fogo para o chimarrão e o café das crianças. Após um
rápido banho, penteia o cabelo e prepara a
mesa do café. Prepara o
chimarrão e passa o café. Resta um
tempo para tomar a Bíblia e ler alguns versículos dos salmos ou do evangelho
do dia.
Às
06h00, dona Cida dirige-se à parada de ônibus, com a pasta dos livros nas mãos
e a sacola de comida às costas. A viagem dura mais de uma hora numa estrada
ruim, cheia de buracos e muitas curvas perigosas. Ela leciona de manhã e à
tarde. Chega em casa quase sempre depois das 19h00. É o tempo de ver os filhos,
lavar a roupa, preparar o jantar do marido que regressa pelas 21h00, conversar
com as crianças, acariciar os mais pequenos e ouvir as histórias do colégio...
Este
ritual dona Cida o revive cinco vezes
por semana. Já faz seis anos que ele se
repete. Nos finais de semana, Cida participa da celebração da comunidade, e das
reuniões da associação de moradores e do clube de mães quando se reúnem.
Mas,
o que o ritual e a vida de dona Cida tem a ver com o Mistério Pascal de Cristo?
O que esta vida agitada de dona Cida
tem a ver com a celebração da comunidade?
Dona
Cida, como mulher e mãe, esposa e trabalhadora, no dia-a-dia trabalha, luta,
doa a sua vida para realizar a vontade de Deus. A vontade de Deis é que haja pão, casa, bem-estar, conforto,
carinho, educação. Vida digna para todos os seus filhos e filhas.
Jesus,
quando andou na terra, trabalhou, estudou, conviveu com as pessoas, pregou o Evangelho, educou as
pessoas, doou a vida para realizar o bem, a justiça, o Reino de Deus no
dia-a-dia da vida. Jesus fez de toda a sua vida uma radical entrega e doação
para garantir vida em abundância para todos. (compare Jo 10,10). Por isso,
toda a sua vida pode ser considerada uma liturgia viva, uma resposta feita de
oração e louvor.
Dona
Cida está realizando em sua vida a proposta de Jesus. Em sua vida prolonga-se e
acontece o mistério (projeto) pascal (passagem) de Jesus Cristo. Este
mistério/projeto é fazer a passagem para uma vida mais digna, uma sociedade
mais justa (cf. Medellín, Intr.6).
Dona
Cida, quando se reúne com a comunidade, festeja e se alegra com a presença do
Ressuscitado em sua vida e trabalho, dando-lhe força, coragem, vontade e
decisão de continuar na luta. Também,
pela participação na celebração, ela renova e intensifica a sua adesão e
entrada no Mistério, Projeto de Jesus
Cristo que veio libertar do pecado, do
egoísmo e das trevas. Pela celebração, ela se une a todas as pessoas e comunidades que
procuram na vida e no trabalho realizar e celebrar o Mistério Pascal de
Cristo.
Fato
2 (...)
Continua....
________
Fonte:
Caderno 3 – O Mist´erio Pascal de Cristo. Em Coleção: Como
animar as celebrações dominicais da Palavra.Diocese de Chapecó/SC, 2007, p.
2-4.
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