Autoria:
François X. N. Van Thuan¹
1.
Em meio aos ciprestes e às figueiras, com o perfume das primeiras flores da primavera, o Sol se despede de mais um dia. Sobra uma amena e suave brisa. Dois homens apressam o passo rumo a Emaús, um povoado que dista cerca de 11 km de Jerusalém. Estão profundamente tristes (cf. Lc 24, 13-25).
Em meio aos ciprestes e às figueiras, com o perfume das primeiras flores da primavera, o Sol se despede de mais um dia. Sobra uma amena e suave brisa. Dois homens apressam o passo rumo a Emaús, um povoado que dista cerca de 11 km de Jerusalém. Estão profundamente tristes (cf. Lc 24, 13-25).
Os seus sentimentos e suas
vicissitudes fazem-nos pensar em nossa caminhada, nessa época histórica da Igreja.
No
caminho de Emaús
Como os dois discípulos
que estavam tristes e diziam: “Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir
Israel; mas...” Humanamente falando, muitas vezes, a Igreja sente-se cansada,
triste, desiludida com a situação do mundo de hoje, descrita aqui (nesta)
meditação.
É a desilusão de uma
Igreja apoiada em esperanças sem retorno.
Jesus, que os discípulos
julgam ser um peregrino, explica-lhes as
Sagradas Escrituras, iniciando por Moisés e
prosseguindo com os profetas, para lhes fazer entender uma verdade
enigmática: “Não era preciso que Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua
glória?”
Cristo, o
Crucificado-Ressuscitado, por meio de sua manifestação aos discípulos de Emaús,
revela-nos claramente que o mistério da
morte e da vida, a cruz e a ressurreição são a chave para compreendermos as
Sagradas Escrituras e, por meio destas, a vida da Igreja. A nossa esperança não terá consistência alguma se não for baseada na
Palavra de Deus, no mistério da Cruz e da Páscoa gloriosa de Cristo.
Cristo se faz presente na
sua Igreja quando se lêem as Sagradas
Escrituras. A sua companhia aos discípulos, o caminho percorrido com eles
indica a inefável certeza de sua
presença em meio a nós ao longo da história, como luz que ilumina e fogo que aquece os corações.
No momentoi da fração do pão – um gesto que certamente
despertou a consciência doa dois
discípulos -, eles abriram os olhos e reconheceram Jesus. Somente
com os olhos da fé a Igreja pode reconhecer Jesus.
Ele ofereceu aos dois
discípulos o pão eucarístico e com isso entrou em seus corações. Jesus não
estava apenas diante deles, em meio a eles, mas estava neles: uma presença
amorosa, capaz de mudar suas vidas.
Na estrada de Emaús os
discípulos nos indicam o caminho a seguir: com
a Eucaristia, a Palavra de Deus, o Mistério da Cruz, a Igreja pode avançar com
humildade e alegria em sua caminhada, sempre sustentada pela presença do
Salvador.
(Do livro Testemunhas da Esperança, de François X.
N. Van Thuan, São Paulo 2002, Ed. Cidade
Nova, p.223-224.)
Continua...
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¹
François Xavier Nguyen Van Thuan (nasc. Em 1923, em Hue, no Vietnã). Ordenado
padre em 1953, formou-se em Direito Canônico, em Roma, em 1959. Foi bispo de
Nhu Trang, de 1967 a 1975. Durante regime comunista, no seu país, estava preso de 1975 a 1988. Libertado da prisão foi chamado a Roma pelo Papa João
Paulo II, e atuou no Pontifício Conselho Justiça e Paz, como vice, e
depois, como presidente.
No
ano 2000, foi convidado para pregar
retiro na presença do papa João Paulo II.
As
meditações apresentadas acima, fizeram parte das palestras e meditações
proferidas durante esse retiro.
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