Siglas:
SC – SACROSANCTUM
CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA
LITÚRGICA NO BRASIL, dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações
dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II
Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III
Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.
Domingo: Dia do Senhor e da Comunidade
O
domingo é uma instituição de origem especificamente cristã. Começou com a
reunião dos primeiros cristãos para
celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus Cristo, que aconteceu no
primeiro dia da semana.
No
primeiro dia da semana, Paulo se reuniu com a comunidade de Trôade para a fração do pão (At 20, 7). Pede que a
comunidade de Corinto separe sua ajuda para a comunidade necessitada de
Jerusalém, no primeiro dia da semana (1 Cor 16, 2),
certamente porque era esse o dia de sua reunião. No livro do Apocalipse, o
primeiro dia da semana é chamado de domingo, ou dia do Senhor (Apc 1, 10).
Outros
documentos antigos também falam do domingo como dia do Senhor e de reunião da
comunidade. Por exemplo:
“Reuni-vos
no dia do Senhor para fração do pão e
agradecei...” (Didaquê 14,1).
“No
dia que se chama o dia do sol, todos (os nossos) que habitam na cidade ou nos campos se reúnem num mesmo lugar. São lidas as memórias
dos apóstolos e os escritos dos profetas, enquanto o tempo permite. Terminada
a leitura, aquele que preside toma a palavra para advertir, exortar
à imitação desses belos ensinamentos. Em
seguida, todos nós nos levantamos e oramos em voz alta...” (S. Justino, I
Apologia, 1,67).
A
celebração do Senhor ressuscitado e a
ação de graças – eucaristia – são os
elementos essenciais do domingo
cristão. Os irmãos reunidos reunidos oravam, escutavam a Palavra e eram alimentados com o alimento divino –
fração de pão.
O
domingo era tão significativo para os
primeiros cristãos, que eles se sentiam verdadeiramente convidados a participar da reunião
comunitária. Nem o risco de perder a
vida, a prisão ou as torturas os
afastavam das celebrações dominicais.
“Mesmo
nos tempos de perseguição e nas regiões de
cultura afastada ou até oposta à fé
cristã, de nenhum modo aceitaram
substituir o dia do Senhor, por outro
dia da semana” (CDAP 11). No século III,
31 homens e 18 mulheres do Norte
da África foram mortos, porque, apesar da lei que proibia, continuaram se reunindo aos domingos. ‘Não podemos viver sem celebrar o domingo. É nossa lei’ –
responderam ao juiz que os interrogava.
Um
documento do século IV, intitulado Constituições Apostólicas, que compila
textos mais antigos, apresenta a seguinte recomendação: “Em tua pregação, ó
bispo, recomenda e persuade o povo a frequentar a Igreja com assiduidade..., e
a não mutilar a Igreja, desligando-se dela, e a não amputar de um membro o
Corpo de Cristo... Não priveis o Senhor
de seus próprios membros. Não dividais o
seu Corpo, não dissipeis os seus membros e não prefirais os negócios do século
à Palavra Divina... Sobretudo no dia de
sábado e no dia da Ressurreição do Senhor, o domingo, ponde ainda mais zelo em vos reunir, para dirigir o vosso
louvor a Deus que criou todas as coisas
por Jesus, que Ele nos enviou, que aceitou que
ele sofresse e que ressuscitou
dos mortos. Como se justificará diante de Deus aquele que não se junta à
assembleia nesse dia, para escutar a doutrina salvadora sobre a ressurreição?
Nesse dia, de pé, fazemos três orações em memória d’Aquele que ressuscitou ao
terceiro dia; nesse dia fazemos leituras
dos Profetas, a proclamação dos
Evangelhos, a oferenda do
sacrifício e o dom do alimento sagrado”.
Em
321, o Concílio de Elvira, na Espanhã,
decretou que seria cortado da comunidade
quem faltasse três domingos seguidos à celebração.
Tomar
parte da assembléia litúrgica é um
imperativo que brota da fé e da comunhão com a Igreja de todos os tempos, em
torno do ressuscitado. Daí que,
para aquele que crê e se sente
integrado numa comunidade de fé, “reunir-se no dia do Senhor“ é mais que uma
obrigação preceitual, é um privilégio.
A
missa é a celebração mais apropriada para a celebração do domingo. No entanto, por causa de falta de
ministros, da dispersão populacional e da situação geográfica do nosso
continente, em muitos lugares, não é
possível celebrar a Eucaristia cada domingo. Diante desta dura realidade a
Igreja deseja que, “mesmo sem a Missa, aos fiéis reunidos em diversas
circunstâncias no dia de domingo, sejam abertos com largueza os tesouros da
Sagrada Escritura e da oração da Igreja, a fim de não serem privados das
leituras que são lidas no decurso do ano
durante a Missa, nem das orações dos tempos litúrgicos.”
Entre
as formas que se encontram na tradição litúrgica, quando a celebração da Missa não é possível, é muito recomendada a celebração da Palavra de Deus, que, se
for oportuno, pode ser seguida da
comunhão eucarística. Deste modo os
fiéis podem alimentar-se ao mesmo
tempo da Palavra e do Corpo de Cristo.
“Na
verdade, escutando a Palavra de Deus reconhecem que as suas maravilhas, ali
anunciadas, atingem a plenitude do mistério
pascal, cujo memorial se celebra sacramentalmente na Missa, e no qual
participam pela comunhão”. Além disso, nalgumas circunstâncias, pode
unir-se a celebração do dia do Senhor e
a celebração de alguns sacramentos,
e principalmente dos
sacramentais, segundo as necessidades
de cada comunidade” (CDAP 19-20).
Continua...
Fonte: Caderno I – A Celebração Dominical da Palavra
na Comunidade. Em Coleção: Como animar as
celebrações dominicais da Palavra.Diocese de Chapecó/SC, 2007, p.8-9.
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