Siglas:
SC – SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição
sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO
BRASIL, dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações dominicais na ausência do
presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II Conferência Episcopal
Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III Conferência Episcopal
Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.
Para entender o Mistério Pascal de Cristo...
(continuação)
Fato 2
Gabriela
é uma animadora de comunidade. Agricultora, casada com Edilberto, mãe de cinco
filhos, tem dificuldade em manter a paz entre os filhos. Os produtos da terra
não valem nada. “O governo, mais uma vez, fechou os olhos para os pobres”, comenta dona Gabriela com os vizinhos.
No
início do ano, era tempo de eleições no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. A
diretoria, nos últimos anos, não vinha fazendo nada. Suspeitava-se, inclusive,
de corrupção. O presidente foi cabo eleitoral do atual prefeito. Diante da
situação do sindicato, algumas comunidades resolveram reagir e colocar como
candidatos pessoas ligadas ao trabalho
da terra. Começou a campanha. Vários encontros foram feitos nas comunidades
para se estudar o sentido e a importancia da existência de um sindicato. A
movimentação foi grande.
Passados
dois meses, chegou o dia da votação.
Duas chapas estavam concorrendo. Tudo indicava que Júlio Krieger, candidato das
comunidades, venceria facilmente o
pleito. Mas, na contagem final dos votos, a chapa da situação venceu por
larga margem de votos. Ninguém souber explicar o que tinha acontecido.
O
que esta participação da dona Gabriela e
das comunidades na campanha do sindicato tem a ver com o Mistério Pascal de
Cristo e a sua celebração?
A
campanha exigiu muito trabalho, reuniões, estudo, visitas, longas conversas. Trouxe descontentamento.
Despertou crítica. Exigiu sacrifício e muita força de vontade. O pessoal da
chapa de oposição tinha um projeto claro de mudança. Queria mais participação e
mais união. Sonhava com um sindicato forte e organizado para defender o
agricultor e melhorar as suas condições
de vida através de várias iniciativas.
Jesus
Cristo veio revelar o Plano de Deus Pai que criou este mundo para todos.
Colocou-se do lado dos pobres e dos excluídos dos bens e das riquezas do mundo.
Quis organizá-los e uní-los. Fez ver que a
luta pela justiça e pela vida, em
nome de Deus, é o conteúdo da religião, da fé e da celebração.
A
comunidade, quando se reúne para celebrar, faz o encontro com este Jesus que
veio ensinar como viver a vida e a lutar
pela fraternidade e pelo pão nosso de cada dia. Toda celebração sela a aliança
com o Plano de Deus, renova o compromisso de lutar com Jesus pela mudança da
sociedade egoísta e concentradora das riquezas e pela mudança de associações, sindicatos e partidos
acomodados, “pelegos” e viciados. Se a comunidade não assume a participação
concreta na transformação das estruturas, das instituições, da política, das
associações em favor da vida para todos, a sua celebração estará incompleta ou
até incoerente e pouco verdadeira.
É
claro que a celebração da comunidade não
é reunião de sindicato nem lugar de se fazer propaganda ou conscientização
política. A celebração comporta uma
reunião da comunidade para conhecer e
celebrar o Plano de Deus e a sua salvação. Mas o compromisso celebrado na liturgia implica ser fermento, luz e sal no processo de mudança das
estruturas e sindicatos...
O
desígnio-plano-vontade de Deus, que quer seus filhos vivendo na liberdade, na
partilha e na justiça, é celebrado na
liturgia e vivido no dia-a-dia. A celebração e o compromisso com o Plano de Deus
são atos de fé e aliança da mesma pessoa para
com o seu Deus.
Fato
3 (...)
Continua....
________
Fonte: Caderno 3 – O Mistério Pascal de Cristo. Em Coleção: Como animar as celebrações
dominicais da Palavra. Diocese de Chapecó/SC, 2007, p. 5-6.
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