“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 31 de março de 2014

Liturgia Da Palavra: 6 de Abril de 2014 – Domingo

V Domingo da Quaresma 

 

(Cor roxa, Creio, Prefácio próprio – I semana do saltério)

 

Oração do dia
 
Senhor nosso Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura
 
Leitura do livro do profeta Jeremias  (37,12-14): 

Eis o que diz o Senhor Javé: "Ó meu povo, vou abrir os vossos túmulos; eu vos farei sair deles para vos transportar à terra de Israel. 
Sabereis então que eu é que sou o Senhor, ó meu povo, quando eu abrir os vossos túmulos e vos fizer sair deles,  quando eu meter em vós o meu espírito para vos fazer voltar à vida e quando vos hei de restabelecer em vossa terra. Sabereis então que sou eu o Senhor, que o disse e o executei - oráculo do Senhor".

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (129/130)
 
No Senhor, toda graça e redenção!

Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,
escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos
ao clamor da minha prece!

Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão,
eu vos temo e em vós espero.

No Senhor ponho a minha esperança,
Espero em sua palavra.
A minha alma espera no Senhor
mais que o vigia pela aurora.

Espere Israel pelo Senhor
mais que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
Ele vem libertar a Israel
de toda a sua culpa.

II   Leitura
 
Leitura da carta aos Hebreus (8,8-11):
 
Irmãos,  os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.  Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele. 
Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação.  Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (11,1-45):
 
Naquele tempo, Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão.  Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: "Senhor, aquele que tu amas está enfermo". 
 A estas palavras, disse-lhes Jesus: "Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus". Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. 
Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar.  Depois, disse a seus discípulos: "Voltemos para a Judéia". Mestre, responderam eles, "há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá?"   Jesus respondeu: "Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo.  Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz". 
Depois destas palavras, ele acrescentou: "Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo".  Disseram-lhe os seus discípulos: "Senhor, se ele dorme, há de sarar". Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal.  Então Jesus lhes declarou abertamente: "Lázaro morreu.  Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele". A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: "Vamos também nós, para morrermos com ele". 
À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro.  Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.  Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. 
Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. 
 Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!  Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá".  Disse-lhe Jesus: "Teu irmão ressurgirá". 
Respondeu-lhe Marta: "Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia". Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.  E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?"  Respondeu ela: "Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo".  A essas palavras, ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: "O Mestre está aí e te chama".  Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele.  (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.)  Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar.  Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!" 
Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: "Onde o pusestes?" Responderam-lhe: "Senhor, vinde ver".  Jesus pôs-se a chorar.  Observaram por isso os judeus: "Vede como ele o amava!" 
Mas alguns deles disseram: "Não podia ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse?"  Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra.  Jesus ordenou: "Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí" Respondeu-lhe Jesus: "Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus?" Tiraram, pois, a pedra.  Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: "Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.  Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste".  Depois destas palavras, exclamou em alta voz: "Lázaro, vem para fora!"  E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: "Desligai-o e deixai-o ir".
Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

O ÚLTIMO SINAL

A ressurreição de Lázaro conclui a série dos sinais realizados por Jesus, ao longo do seu ministério, e, de certo modo, prepara o caminho para o sinal definitivo: sua ressurreição. O último sinal contém elementos importantes para a correta compreensão do que estava para acontecer.
Jesus é apresentado como vencedor da morte e doador da vida. Não importava que o amigo estivesse doente, morresse e depois passasse quatro dias sepultado. O Messias Jesus era suficientemente poderoso para chamá-lo de volta à vida. 

Quem estivera morto levanta-se do sepulcro e volta para a vida, obedecendo à ordem dada por Jesus. Este se apresenta como o princípio e a causa da ressurreição da Lázaro. A ressurreição de Jesus acontecerá por que traz dentro de si uma força divina, que faz jorrar a vida onde reina a morte.

A ressurreição de Lázaro possibilitará aos discípulos solidificarem sua própria fé. Jesus se alegra por eles não terem encontrado Lázaro com vida. Assim, teriam a chance de testemunhar uma manifestação inquestionável do poder do Mestre, e, por conseguinte, crerem nele. 
Por sua vez, o diálogo com Marta e Maria, em torno da fé na ressurreição dos mortos, põe as bases para a compreensão da gloriosa ressurreição do Senhor. 

Desta forma, os discípulos foram preparados para enfrentar o impacto da morte iminente do Mestre.



 (O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.Fonte:Dom Total )

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segunda-feira, 24 de março de 2014

Liturgia da Palavra - 30 de Março de 2014 – Domingo.


IV DOMINGO DA QUARESMA 


(Cor roxa ou rósea, Creio – IV Semana do Saltério)

 
Oração do dia
 

Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 
I   Leitura

Leitura do primeiro livro de Samuel (16,1.6-7.10-13):

 

O Senhor disse-lhe: "Até quando chorarás tu Saul, tendo-o eu rejeitado da realeza de Israel? Enche o teu corno de óleo. Vai; envio-te a Isaí de Belém, porque escolhi um rei entre os seus filhos". 

Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: "Certamente é esse o ungido do Senhor".  Mas o Senhor disse-lhe: "Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração".  Jessé mandou vir assim os seus sete filhos diante do profeta, que lhe disse: "O Senhor não escolheu nenhum deles".  E ajuntou: "Estão aqui todos os teus filhos?" Resta ainda o mais novo, confessou Jessé, que está .pastoreando as ovelhas". Samuel ordenou a Jessé: "Manda buscá-lo, pois não nos poremos à mesa antes que ele esteja aqui".  E Jessé mandou buscá-lo. Ele era louro, de belos olhos e mui formosa aparência. O Senhor disse: "Vamos, unge-o: é ele". 

Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio dos seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá.


Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (22/23)


O Senhor é o pastor que me conduz;
Não me falta coisa alguma.

O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelo prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.

ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estai comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.

II   Leitura

Leitura da segunda carta de são Paulo aos Efésios (5,8-14):

 
Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. 
10 Procurai o que é agradável ao Senhor,  e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz.  E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto (a Escritura) diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará! 


Palavra do Senhor.


Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (9,1-41):
 

Naquele tempo,  "caminhando, viu Jesus um cego de nascença.  Os seus discípulos indagaram dele: "Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?"  Jesus respondeu: Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus.  Enquanto for dia, cumpre-me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar.  Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo".  Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. 

Depois lhe disse: "Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa emissário)". O cego foi, lavou-se e voltou vendo.  Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto mendigar perguntavam: "Não é este aquele que, sentado, mendigava?"  Respondiam alguns: "É ele". Outros contestavam: "De nenhum modo, é um parecido com ele". Ele, porém, dizia: "Sou eu mesmo".  Perguntaram-lhe, então: "Como te foram abertos os olhos?"  Respondeu ele: "Aquele homem que se chama Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: ´Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo´".  Interrogaram-no: "Onde está esse homem?" Respondeu: "Não o sei". 

Levaram então o que fora cego aos fariseus.  Ora, era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.  Os fariseus indagaram dele novamente de que modo ficara vendo. Respondeu-lhes: "Pôs-me lodo nos olhos, lavei-me e vejo". 

Diziam alguns dos fariseus: "Este homem não é o enviado de Deus, pois não guarda sábado". Outros replicavam: "Como pode um pecador fazer tais prodígios?" E havia desacordo entre eles.  Perguntaram ainda ao cego: "Que dizes tu daquele que te abriu os olhos?" "É um profeta", respondeu ele.  Mas os judeus não quiseram admitir que aquele homem tivesse sido cego e que tivesse recobrado a vista, até que chamaram seus pais.  E os interrogaram: "É este o vosso filho? Afirmais que ele nasceu cego? Pois como é que agora vê?"  Seus pais responderam: "Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego.  Mas não sabemos como agora ficou vendo, nem quem lhe abriu os olhos. Perguntai-o a ele. Tem idade. Que ele mesmo explique".

Seus pais disseram isso porque temiam os judeus, pois os judeus tinham ameaçado expulsar da sinagoga todo aquele que reconhecesse Jesus como o Cristo.  Por isso é que seus pais responderam: "Ele tem idade, perguntai-o".  Tornaram a chamar o homem que fora cego, dizendo-lhe: "Dá glória a Deus! Nós sabemos que este homem é pecador". 
           Disse-lhes ele: "Se esse homem é pecador, não o sei... Sei apenas isto: sendo eu antes cego, agora vejo".  Perguntaram-lhe ainda uma vez: "Que foi que ele te fez? Como te abriu os olhos?"  Respondeu-lhes: "Eu já vo-lo disse e não me destes ouvidos. Por que quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, tornar-vos também seus discípulos?"  Então eles o cobriram de injúrias e lhe disseram: "Tu que és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés.  Sabemos que Deus falou a Moisés, mas deste não sabemos de onde ele é".  Respondeu aquele homem: "O que é de admirar em tudo isso é que não saibais de onde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos.  Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem lhe presta culto e faz a sua vontade.  Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.  Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada". Responderam-lhe eles: "Tu nasceste todo em pecado e nos ensinas?" E expulsaram-no. 

Jesus soube que o tinham expulsado e, havendo-o encontrado, perguntou-lhe: "Crês no Filho do Homem?"  Respondeu ele: "Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?" Disse-lhe Jesus: "Tu o vês, é o mesmo que fala contigo!"  "Creio, Senhor", disse ele. E, prostrando-se, o adorou.  Jesus então disse: "Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos". 

Alguns dos fariseus, que estavam com ele, ouviram-no e perguntaram-lhe: "Também nós somos, acaso, cegos?" Respondeu-lhes Jesus: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e o vosso pecado subsiste".


Palavra da Salvação.



 

  Comentário ao Evangelho

CEGUEIRA E VISÃO


As duas posturas diante dos sinais realizados por Jesus podem ser definidas como cegueira e visão. São a dos fariseus e a do cego de nascença. O incidente em torno da cura do cego revelou a cegueira dos fariseus e o alto grau de visão daquele que tinha sido curado. Tudo se define em torno da capacidade de confessar Jesus como o Messias, diante do testemunho de suas obras.

Os fariseus, aferrados aos seus esquemas mentais, recusavam-se a admitir que realmente foi Jesus quem restituíra a visão ao cego de nascença. Eles raciocinavam assim: as Escrituras afirmam que o Messias, quando vier, haverá de curar os cegos. Como o milagre tinha sido operado em dia de sábado e o Messias, no pensar deles, seria fidelíssimo às leis religiosas do povo; e já suspeitando de Jesus, concluíram que ele não se encaixava na categoria de Messias. Embora não encontrassem explicação plausível para a cura do cego, não mudavam suas idéias a respeito de Jesus. Eles pensavam que Jesus não podia ser de Deus, pois era um pecador.

O cego de nascença, porém, adquiriu tanto a visão física quanto a visão da fé. Tendo sido procurado por Jesus, e dando-se conta de tratar-se do Messias, prostrou-se diante dele, fazendo sua confissão de fé: "Eu creio, Senhor!" 
Só quem, de fato, "vê", pode fazer a experiência de fé; não quem se deixa enganar por falsos esquemas teológicos.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJ. Fonte: Dom Total )


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segunda-feira, 17 de março de 2014

Liturgia da Palavra - 23 de Março de 2014 – Domingo.


III DOMINGO DA QUARESMA 

(Cor roxa, Creio – III  Semana do Saltério)


Oração do dia

Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I  Leitura

Leitura do livro do Êxodo (17,3-7): 

Naqueles dias,
  entretanto, o povo que ali estava privado de água e devorado pela sede, murmurava contra Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Para nos fazer morrer de sede com nossos filhinhos e nossos rebanhos?” Então dirigiu Moisés esta prece ao Senhor: “Que farei a este povo? Mais um pouco e irão apedrejar-me.”  O Senhor respondeu a Moisés: “Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão tua vara, com que feriste o Nilo, e vai. Eis que estarei ali diante de ti, sobre o rochedo do monte Horeb ferirás o rochedo e a água jorrará dele: assim o povo poderá beber.”
Isso fez Moisés em presença dos anciãos de Israel. Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não no meio de nós?”

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (94/95)

Não fecheis o vosso coração,
Mas ouvi a voz do Senhor.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.

II  Leitura

Leitura da primeira carta de são Paulo aos Romanos (5,1-2.5-8): 

Irmãos,
  justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.  Por ele é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 
Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios.  Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (4,5-42 ou 5-15.19-26.39-42):

Naquele tempo, Jesus
  chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José.  Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: "Dá-me de beber".  (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.)  Aquela samaritana lhe disse: "Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana?" (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)  Respondeu-lhe Jesus: "Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ´Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva´". 
A mulher lhe replicou: "Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo... donde tens, pois, essa água viva?  És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos?"  Respondeu-lhe Jesus: "Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede,  mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna".  A mulher suplicou: "Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!" 
Disse-lhe Jesus: "Vai, chama teu marido e volta cá".  A mulher respondeu: "Não tenho marido". Disse Jesus: "Tens razão em dizer que não tens marido.  Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade".  "Senhor", disse-lhe a mulher, "vejo que és profeta! Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar". 
Jesus respondeu: "Mulher, acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte nem em Jerusalém.  Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.  Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja.  Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade".  Respondeu a mulher: "Sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas as coisas".  Disse-lhe Jesus: "Sou eu, quem fala contigo". 
Nisso seus discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: "Que perguntas?" Ou: "Que falas com ela?"  
A mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:  "Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Não seria ele, porventura, o Cristo?"  Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus. 
Entretanto, os discípulos lhe pediam: "Mestre, come".  Mas ele lhes disse: "Tenho um alimento para comer que vós não conheceis".  Os discípulos perguntavam uns aos outros: "Alguém lhe teria trazido de comer?"  Disse-lhes Jesus: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra.  Não dizeis vós que ainda há quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa.  O que ceifa recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão.  Porque eis que se pode dizer com toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos". 
Muitos foram os samaritanos daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que lhes declarara: "Ele me disse tudo quanto tenho feito". Assim, quando os samaritanos foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias.  Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras. 

E diziam à mulher: "Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo".

Palavra da Salvação.




Comentário ao Evangelho

O DOM DE DEUS

Jesus tornou-se o dom de Deus na vida da mulher que ele encontrou junto ao poço de Siquém. A descoberta do dom divino deu-se de maneira gradativa. A reação inicial da mulher foi de rejeição, fruto de preconceitos. Ela não podia compreender como um judeu tivesse a ousadia de dirigir-se a uma samaritana, dado a inimizade histórica entre estes dois grupos.
 

O comentário de Jesus, diante desta negativa, despertou nela um certo interesse. A alusão à possibilidade de obter "água viva" suscitou um mal-entendido: a mulher entreviu a possibilidade de ver-se livre da obrigação de buscar água, naquele poço tão profundo. Assim, quando Jesus falou de uma água que jorra para a vida eterna, ela manifestou o desejo de obtê-la. Para isso, o Mestre colocou como condição que trouxesse consigo seu marido. Foi quando Jesus começou a penetrar na vida pessoal da samaritana, mostrando conhecê-la muito mais do que ela pensava. O Mestre manifestou seu interesse por aquela mulher desconhecida. A partir daí ela começou a se abrir para a fé. O tema da água foi substituído pela questão da adoração a Deus. De modo pedagógico e delicado, Jesus conduziu-a nos meandros da fé, a ponto de fazê-la compreender que tinha diante de si o Messias longamente esperado.

Assim que ela acolheu o dom de Deus na pessoa de Jesus, tornou-se proclamadora de sua presença como Messias salvador. E muitos acreditaram, a partir do testemunho da mulher. 



(O comentário do Evangelho - Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE. Fonte:  Dom Total)

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segunda-feira, 10 de março de 2014

Liturgia da Palavra: 16 de Março de 2014 – Domingo.

II DOMINGO DA QUARESMA 

(Cor roxa, Creio, Prefácio próprio - II Semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Gênesis (12,1-4):
 
O Senhor disse a Abrão: “Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar.  Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos.  Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti.” 
Abrão partiu como o Senhor lhe tinha dito, e Lot foi com ele.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (32/33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
Venha a vossa salvação.

Pois reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.

Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.


No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!
II   Leitura
Leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo (,8-10):


Caríssimo, não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 
Deus nos salvou e chamou para a santidade, não em atenção às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus,  e agora nos manifestou mediante a aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, que destruiu a morte e suscitou a vida e a imortalidade, pelo Evangelho.

Palavra do Senhor.


Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (17,1-9):

Naquele tempo,  seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. 
Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. 
Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: "Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias". Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: "Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o". 
Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: "Levantai-vos e não temais". 
Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus. E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: "Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos".

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho


UMA EXPERIÊNCIA FASCINANTE

A contemplação de Jesus transfigurado foi uma experiência fascinante na vida dos três discípulos escolhidos pelo Mestre para subirem com ele ao alto monte. Neste lugar carregado de simbolismo (a montanha era tida como o lugar privilegiado de encontro com Deus) puderam contemplar Jesus transfigurado, revestido de glória e majestade, e "vê-lo" no fulgor de sua santidade. 

A transfiguração foi, de certo modo, uma antecipação da ressurreição. Depois de ressuscitado, o esplendor de sua glória já não fulguraria, por pouco tempo, para um grupo seleto de discípulos. Pelo contrário, não só poderia ser contemplada por todos os discípulos, como também deveria ser proclamada a todos os povos da Terra. A ordem de guardar segredo ("não dizer a ninguém a respeito da visão") perderia sua razão de ser.

Contudo, a contemplação do Ressuscitado haveria de ser precedida por uma experiência aterradora: a de ver o Messias Jesus pendente na cruz. O fascínio daria lugar ao pavor e à estupefação, porque a morte de cruz não encontraria explicação, uma vez que o Mestre sempre dera mostras de ser um homem justo e, em sua pregação, falara de Deus como um Pai amoroso e fiel. 

Só quem fosse capaz de superar o impacto da cruz e reconhecer no Crucificado o Filho de Deus, chegaria a reconhecê-lo fascinantemente ressuscitado.

(O comentário do Evangelho - Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE. Fonte: Dom Total )

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Liturgia da Palavra: 9 de Março de 2014 - domingo.


I DOMINGO DA QUARESMA 

(Cor roxa, Creio, Prefácio próprio – I Semana do Saltério)

Oração do dia

Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa. 
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Gênesis (2,7-9; 3,1-7): 

Disse também Deus a Noé e as seus filhos: “Vou fazer uma aliança convosco e com vossa posteridade, assim como com todos os seres vivos que estão convosco: as aves, os animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, desde todos aqueles que saíram da arca até todo animal da terra. 
Faço esta aliança convosco: nenhuma criatura será destruída pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra.” 
Deus disse: “Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras:
Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra.  Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens,  e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda espécie, e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura". 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (50/51)

Piedade, ó Senhor, tende piedade,
Pois pecamos contra vós.


Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Eu reconheço toda a minha iniqüidade,
o meu pecado está sempre à minha frente.
Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei
e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Daí-me de novo a alegria de ser salvo
e confirmai-me com espírito generoso!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,
e minha boca anunciará vosso louvor!

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Romanos (5,17-19):

Irmãos,  se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo! 
Portanto, como pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a justificação que dá a vida.  Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos.

Palavra do Senhor.

Evangelho
  
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (4,1-11):

Naquele tempo,  Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.  Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. 
O tentador aproximou-se dele e lhe disse: "Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães".  Jesus respondeu: "Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’". O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: ‘Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra’". Disse-lhe Jesus: "Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’".  O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: "Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares". 
Respondeu-lhe Jesus: "Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’". 
Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.


Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

A PROVAÇÃO DO FILHO DO HOMEM

A cena das tentações, inserida no início da vida pública de Jesus, é um claro indício de que o exercício de seu ministério seria pontilhado de provas e dificuldades. Na aritmética teológica da época, que consistia em atribuir valor simbólico-teológico aos números, o número três designava a constituição do ser humano (espírito - alma - corpo). A tríplice tentação significava que Jesus, enquanto ser humano, seria submetido a contínuas provações, pelas quais teria chance de dar provas de sua absoluta fidelidade a Deus. De fato, até os instantes finais de sua caminhada terrena, Jesus viu-se tentado.

O tentador insistia sempre no mesmo ponto: "Se você, de fato, é Filho de Deus", passando a fazer-lhe propostas extravagantes. Com isto, pretendia levar Jesus a exigir do Pai uma manifestação desnecessária de sua providência, bem como levá-lo a oferecer espetáculos formidáveis com os quais atrairia a atenção sobre si, granjeando a admiração das multidões, mas também o risco de ser vítima do orgulho e da vaidade.

As tentações foram capciosas. Com uma interpretação superficial, podiam parecer inocentes, sem maiores conseqüências. Só uma leitura arguta, como a de Jesus, foi capaz de desmascará-las e revelar as verdadeiras intenções do tentador.

O fato de vencer as tentações já foi um primeiro sinal da fidelidade de Jesus ao Pai. Por ser Filho de Deus, recusava-se a exigir do Pai manifestações insensatas de amor.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).   Fonte:Dom Total

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