“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Liturgia da Palavra: 2 de Novembro de 2014 - Domingo.


Todos os fiéis defuntos 
 (Cor roxa ou preta, Prefácio dos mortos – Ofício próprio)

Oração do dia

Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé em Cristo ressuscitado, para que sejam mais via a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro de Jó (19,1.23-27):

Jó respondeu então nestes termos: “Oh!, se minhas palavras pudessem ser escritas, consignadas num livro,  gravadas por estilete de ferro em chumbo, esculpidas para sempre numa rocha! 
Eu o sei: meu vingador está vivo, e aparecerá, finalmente, sobre a terra. Por detrás de minha pele, que envolverá isso, na minha própria carne, verei Deus.  Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verão, e não os olhos de outro; meus rins se consomem dentro de mim”. 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (26/27)

O Senhor é minha luz e salvação. 

O Senhor é minha luz e salvação;
De quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
Perante quem eu tremerei?

Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
E é só isto que eu desejo:
Habitar no santuário do Senhor
Por toda a minha vida;
Saborear a suavidade do Senhor
E contempla-lo no seu templo.

Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo,
Atendei por compaixão!
É vossa face que eu procuro.
Não afasteis em vosso ira o vosso servo,
Sóis vós o meu auxílio!

Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
Na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
Espera no Senhor!
II   Leitura

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos (5,5-11):

Irmãos, a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 
Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.  Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida. 
Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde agora temos recebido a reconciliação!
 
Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (João 6,37-40):

Disse Jesus: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.  Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia.  Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. 

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

DIA DOS FINADOS

Cristãos batizados são convidados a santificar-se e os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não têm medo da morte. Porque ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida". Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas para os cristãos tem o gosto da esperança. Dando sua vida em sacrifício e experimentando a morte, e morte na cruz, ele ressuscitou e salvou toda a humanidade. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição.

Ele nos garantiu que, para quem crê, for batizado e seguir seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com ele a vida eterna no Reino do Pai. Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas.

A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra. Assim sendo, até quando Nosso Senhor Jesus Cristo estiver na glória de seu Pai, estará destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas. Alguns são seus discípulos peregrinos na terra, outros que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando Deus. Os glorificados integram a Igreja triunfal e são Todos os Santos, os quais, nós, os intees da Igreja militante, cristãos peregrinos na terra, comemoramos no dia 1º de novembro.

Os Finados integram a Igreja da purificação e são todos os que morreram sem arrepender-se do pecado. O culto de hoje é especialmente dedicado a esses. Embora todos os dias, em todas as missas rezadas no mundo inteiro, haja um momento em que se pede pelas almas dos que nos deixaram e aguardam o tempo profetizado e prometido da ressurreição.

A Igreja ensina-nos que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. No sentido de fazer-nos solidários para com os necessitados de luz e também para reflexão sobre nossa própria salvação.

Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou o culto no século VII. Tempos depois, em 998, por determinação do abade santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar "o dia de todas as almas", que já ocorria na comunidade no dia seguinte à festa de Todos os Santos.

A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão. Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, o dia 2 de novembro no calendário litúrgico da Igreja para celebrar "Todos os Finados".

Somente no inicio do século XX, em 1915, quando a morte, a sombra terrível, pairou sobre toda a humanidade, devido à I Guerra Mundial, o papa Bento XIV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, para Todos os Finados. [Comentário - In: Dom Total]

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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Liturgia da Palavra: 1º de Novembro – Sábado. Todos os Santos e Santas.


Todos os Santos e Santas
 (Cor branca, Glória, Creio, Prefácio próprio – Ofício da solenidade)

Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, que nos dais celebrar numa só festa os méritos de todos os santos, concedei-nos, por intercessores tão numerosos, a plenitude da vossa misericórdia.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do Livro do Apocalipse   (Apocalipse, 7,2-4.9-14):

Vi ainda outro anjo subir do oriente; trazia o selo de Deus vivo, e pôs-se a clamar com voz retumbante aos quatro Anjos, aos quais fora dado danificar a terra e o mar, dizendo:  “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes”. Ouvi então o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados, de toda tribo dos filhos de Israel; Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão,  e bradavam em alta voz: “A salvação é obra de nosso Deus, que está assentado no trono, e do Cordeiro”.
E todos os Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Animais; prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: “Amém, louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém”. Então um dos Anciãos falou comigo e perguntou-me: “Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm?”  Respondi-lhe: “Meu Senhor, tu o sabes”. E ele me disse: “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (23/24)

É assim a geração dos que procuram o Senhor! 

Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.

“Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?”
“Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.

Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador.”
“É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face.”

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são João (3,1-3):

Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro. 

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (5,1-12):

Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.  Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: 
“Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! 
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós”. 

Palavra da Salvação.


Todos os Santos e Santas

"Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão."

A visão narrada por são João Evangelista, no Apocalipse, fala dos santos aos quais é dedicado o dia de hoje. A Igreja de Cristo possui muitos santos canonizados e a quantidade de dias do calendário não permite que eles sejam homenageados com exclusividade. Além desses, a Igreja tem, também, muitos outros santos sem nome, que viveram no mundo silenciosamente e na nulidade, carregando com dignidade a sua cruz, sem nunca ter duvidado dos ensinamentos de Jesus.

Enfim, santos são todos os que foram canonizados pela Igreja ao longo dos séculos e também os que não foram e nem sequer a Igreja conhece o nome e que nos precederam em vida na terra perseverando na fé em Cristo. 

Portanto, são mesmo multidões e multidões, porque para Deus não existe maior ou menor santidade. Ele ama todos do mesmo modo. O que vale é o nosso testemunho de fidelidade e amor na fé em seu Filho, o Cristo, e que somente Deus conhece. 

Como mesmo entre os canonizados muitos santos não têm um dia exclusivo para sua homenagem, a Igreja reverencia a lembrança de todos, até os sem nome, numa mesma data. A celebração começou no século III, na Igreja do Oriente, e ocorria no dia 13 de maio. 

A festa de Todos os Santos ocorreu pela primeira vez em Roma, no dia 13 de maio de 69, quando o papa Bonifácio IV transformou o Panteão, templo dedicado a todos os deuses pagãos do Olimpo, em uma igreja em honra à Virgem Maria e a Todos os Santos. 

A mudança do dia começou com o abade inglês Alcuíno de York, professor de Carlos Magno, perto do ano 800. Os pagãos celtas entendiam o dia 1o de novembro como um dia de comemoração que anunciava o início do inverno. Quando eles se convertiam, queriam continuar com a tradição da festa. Assim, a veneração de Todos os Santos lembrando os cristãos que morreram em estado de graça foi instituída no dia primeiro de novembro. 


O papa Gregório IV, em 835, fixou e estendeu para toda a Igreja a comemoração em 1º de novembro. Oficialmente, a mudança do dia da festa de Todos os Santos, de 13 de maio para 1º de novembro, só foi decretada em 1475, pelo do papa Xisto IV. Mas o importante é que a solenidade de Todos os Santos enche de sentido a homenagem de Todos os Finados, que ocorre no dia seguinte.  
[In.: Dom Total]

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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Liturgia da Palavra: 26 de outubro de 2014 – Domingo.


XXX Domingo do Tempo Comum 
(Cor verde, Glória, Creio – II semana do Saltério)

Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Êxodo (22,20-26): 

Aquele que oferecer sacrifícios a outros deuses fora do Senhor, será votado ao interdito. Não maltratarás o estrangeiro e não o oprimirás, porque foste estrangeiro no Egito.  Não prejudicareis a viúva e o órfão.  Se os prejudicardes, eles clamarão a mim e eu os ouvirei;  minha cólera se inflamará e vos farei perecer pela espada; vossas mulheres ficarão viúvas e vossos filhos, órfãos. 
Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao pobre que está contigo, não lhe serás como um credor: não lhe exigirás juros.  Se tomares como penhor o manto de teu próximo, devolver-lho-ás antes do pôr-do-sol.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (17/18)

Eu vos amo, ó Senhor,
sois minha força e salvação.

Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força,
Minha rocha, meu refúgio e salvador!
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
Minha força e poderosa salvação.

Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga,
meu escudo e proteção: em vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!

Viva o Senhor! Bendito seja o meu rochedo!
E louvado seja Deus, meu salvador!
Concedeis ao vosso rei grandes vitórias
E mostrais misericórdia ao vosso ungido.

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Paulo aos Tessalonicenses (1,5-10):

O nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Sabeis o que temos sido entre vós para a vossa salvação. E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.
Em verdade, partindo de vós, não só ressoou a palavra do Senhor pela Macedônia e Acaia, mas também se propagou a fama de vossa fé em Deus por toda parte, de maneira que não temos necessidade de dizer coisa alguma. De fato, a nosso respeito, conta-se por toda parte qual foi o acolhimento que da vossa parte tivemos, e como abandonastes os ídolos e vos convertestes a Deus, para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro,  e aguardardes dos céus seu Filho que Deus ressuscitou dos mortos, Jesus, que nos livra da ira iminente. 

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (22,34-40): 

Sabendo os fariseus que Jesus reduzira ao silêncio os saduceus, reuniram-se e um deles, doutor da lei, fez-lhe esta pergunta para pô-lo à prova:  “Mestre, qual é o maior mandamento da lei?” 
Respondeu Jesus: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, e toda tua alma e de todo teu espírito’.  Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas”. 

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

A CENTRALIDADE DO AMOR

Os mestres da Lei e os fariseus davam a todos os mandamentos a mesma importância. Parecia-lhes ser uma falta de respeito classificá-los segundo diferentes graus de importância. Se todos correspondiam à vontade de Deus, deveriam ser levados igualmente a sério e vividos com a mesma intensidade.

Acontece que os mandamentos foram maximamente multiplicados, a ponto de se tornarem um emaranhado de normas e prescrições. Por outro lado, até mesmo coisas irrelevantes eram objeto de prescrições legais, de forma colocar a vida diária numa espécie de camisa de força legalista.

Com este pano de fundo, entende-se a pergunta levantada pelo mestre da Lei a respeito do "maior mandamento". Embora sua intenção fosse fazer Jesus cair numa armadilha, ele compreendia que os mandamentos não tinham todos igual valor.

A resposta de Jesus apela para o amor a Deus e o amor ao próximo, como resumo de todos os mandamentos. "Deles decorre toda a Lei, assim como os profetas." Eles são a chave de interpretação de toda a Bíblia, onde as coisas só têm sentido se conduzem ao amor. Somente quem ama está em condições de compreender os ensinamentos bíblicos. O motivo é simples: apenas o amor coloca o ser humano em perfeita sintonia com o Deus da Bíblia.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.) [ In: Dom Total]

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Liturgia da Palavra: 19 de Outubro – Domingo.


XXIX Domingo do Tempo Comum 
(Cor verde, Glória, Creio – I semana do Saltério)


 Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor e vos servir de todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do profeta Isaías (45,1.4-6):

Eis o que diz o Senhor a Ciro, seu ungido, que ele levou pela mão para derrubar as nações diante dele, para desatar o cinto dos reis, para abrir-lhe as portas, a fim de que nenhuma lhe fique fechada:   "É por amor de meu servo, Jacó, e de Israel que escolhi, que te chamei pelo teu nome, com títulos de honra, se bem que não me conhecesses.  Eu sou o Senhor, sem rival, não existe outro Deus além de mim. Eu te cingi, quando ainda não me conhecias,
a fim de que se saiba, do levante ao poente, que nada há fora de mim. Eu sou o Senhor, sem rival";

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (95/96)

Ó família das nações, daí ao Senhor poder e glória!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Pois Deus é grande e muito digno de louvor,
é mais terrível e maior que os outros deuses,
porque um nada são os deuses dos pagãos.
Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.

Ó família das nações, ai ao Senhor,
ó nações, daí ao Senhor poder e glória,
dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!
Oferecei um sacrifício nos seus átrios.

Adorai-o no esplendor da santidade,
terra inteira, estremecei diante dele!
Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”,
pois os povos ele julga com justiça.

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Tessalonicenses (1,1-5):

Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. A vós, graça e paz!  Não cessamos de dar graças a Deus por todos vós, e de lembrar-vos em nossas orações. Com efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras da vossa fé, nos sacrifícios da vossa caridade e na firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai.
Sabemos, irmãos amados de Deus, que sois eleitos. O nosso Evangelho vos foi pregado não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Sabeis o que temos sido entre vós para a vossa salvação.

Palavra do Senhor.


Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (22,15-21):

Naquele tempo,  reuniram-se então os fariseus para deliberar entre si sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras. Enviaram seus discípulos com os herodianos, que lhe disseram: "Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens.  Dize-nos, pois, o que te parece: É permitido ou não pagar o imposto a César?"
Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: "Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto!" Apresentaram-lhe um denário.  Perguntou Jesus: ´De quem é esta imagem e esta inscrição?"  "De César", responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

COISAS LÍCITAS E ILÍCITAS

Os fariseus buscavam, sem trégua, desacreditar Jesus diante do povo ou colocá-lo numa situação complicada, de modo a terminar encarcerado pelas tropas romanas. Uma declaração comprometedora saída de sua boca seria uma boa cilada. Por isso, enviaram para armar-lhe ciladas alguns de seus discípulos acompanhados de judeus partidários de Herodes, simpatizantes do poder romano. É bom recordar o ódio que os fariseus nutriam por estes dominadores estrangeiros.

Os emissários agiram com extrema esperteza: trataram Jesus de maneira cortês, louvando-lhe os ensinamentos e a coragem, vendo que não se deixava amedrontar por ninguém. Além disso, apresentaram-se como judeus piedosos, cheios de escrúpulos de consciência.

Propuseram ao Mestre a questão da liceidade ou não de pagar o tributo a César. Jesus, porém, deu-se conta da hipocrisia deles travestida de piedade. Por isso, ofereceu-lhes uma resposta que os deixou confundidos.

Em última análise, a resposta do Mestre serve ainda hoje para discernirmos o lícito e o ilícito. Qualquer coisa é lícita, desde que compatível com o projeto de Deus. O que fere este projeto é ilícito e deve ser rejeitado por quem aderiu ao Reino e procura pautar-se por ele.

Tomando Deus como ponto de referência, é possível determinar, em cada caso concreto, o que é ou não é permitido. Bastava, pois, que os emissários dos fariseus aplicassem este critério à questão do tributo a ser pago ao imperador romano.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.) [In: Dom Total]

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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Liturgia da Palavra: 12 de outubro de 2014 – Domingo.


Nossa Senhora Aparecida  
Padroeira do Brasil 
(Cor branca, Glória, Creio, Prefácio próprio – Ofício da Solenidade)


Oração do dia

Ó Deus todo-poderoso, ao rendermos culto à Imaculada Conceição de Maria, mãe de Deus e senhora nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel à sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa chegar um dia à pátria definitiva.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro de Ester (5,1-2;7,2-3):

Três dias depois Ester se revestiu de seus trajes reais e se apresentou na câmara interior do palácio, diante do aposento real, onde estava o rei sentado sobre seu trono, diante da porta de entrada do edifício. Logo que o rei viu a rainha Ester no átrio, esta conquistou suas boas graças, de sorte que ele estendeu o cetro de ouro que tinha na mão. E Ester se aproximou para tocá-lo. 
No segundo dia, bebendo vinho, disse ainda o rei a Ester: "Qual é teu pedido, rainha Ester? Será atendido. Que é que desejas? Fosse mesmo a metade de meu reino, tu obterias".  A rainha respondeu: "Se achei graça a teus olhos, ó rei, e se ao rei lhe parecer bem, concede-me a vida, eis o meu pedido; salva meu povo, eis o meu desejo". 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial 44/45
Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:
que o rei se encante com vossa beleza!


Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:
“Esquecei vosso povo e casa paterna!
Que o rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso senhor!

O povo de Tiro vos traz seus presentes,
os grandes do povo vos pedem favores.
Majestosa, a princesa real vem chegando,
vestida de ricos brocados de ouro.

Em vestes vistosas ao rei se dirige,
e as virgens amigas lhe formam cortejo;
entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real”

II   Leitura

Leitura do livro do Apocalipse de são João  (12,1.5.13.15-16): 

Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.  O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino. A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir. A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara. 

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (2,1-11): 

Naquele tempo, três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus.  Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.  Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: "Eles já não têm vinho".  Respondeu-lhe Jesus: "Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou". Disse, então, sua mãe aos serventes: "Fazei o que ele vos disser".  Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: "Enchei as talhas de água". Eles encheram-nas até em cima. "Tirai agora" , disse-lhes Jesus, "e levai ao chefe dos serventes". E levaram. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo  e disse-lhe: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora". 
Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

ANTECIPANDO A HORA DE JESUS

Embora o milagre em Caná focalize a pessoa de Jesus, a de Maria tem também sua relevância. À primeira vista, sua presença, nas bodas, tem apenas a função de explicar porque Jesus e seus discípulos estavam ali presentes, como se o convite tivesse sido feito à família de Maria. Uma leitura mais atenta, porém, revela a importância de sua atuação, no desenrolar do milagre.

Maria é quem percebe a situação constrangedora dos noivos, diante da iminência de faltar vinho. Jesus é informado por meio dela, pedindo discretamente que intervenha. A resposta de Jesus parece ser negativa, uma vez que lhe assegura não ter chegado ainda a "hora" de se manifestar, publicamente, como Messias. Sem abrir mão de seu intento, ela orienta os empregados a seguirem as instruções de Jesus. Eles obedecem com inteira convicção. E o milagre aconteceu. Maria fez Jesus antecipar sua "hora"!

A piedade popular soube captar muito bem esta virtude de Maria. Por este motivo, a tem como intercessora por saber ser ela um caminho seguro para chegar até o Filho Jesus.

Sem dúvida, o momento mais importante da intervenção de Maria, no contexto do milagre, foi quando orientou os garçons para que seguissem à risca as ordens de Jesus. Resume-se, aqui, o ideal de sua vida: ver todas as pessoas aderindo, pela fé, a seu Filho.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.) [In: Dom Total]

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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Nossa Senhora Aparecida / Histórico


Por Pe. Antonio Queiroz dos Santos, C.Ss.R.
Uma rosa de ouro para a Virgem

Em 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro. A entrega desta importante honraria aconteceu na manhã do dia 15 de agosto daquele mesmo ano, com a presença de diversas autoridades civis e religiosas, entre elas o presidente Artur da Costa e Silva. 

Atualmente, a Rosa de Ouro encontra-se exposta na Exposição Rainha do Céu, Mãe dos Homens: Aparecida do Brasil no Museu Nossa Senhora Aparecida, no 1º andar da Torre Brasília.

O que é uma Rosa de Ouro?

Os sumos pontífices costumavam oferecer como presente uma Rosa de Ouro, em sinal de particular estima e para distinguir eminentes personalidades que prestavam relevantes serviços à Igreja, ou para honrar cidades, ou ainda para realçar Santuários insignes, como centro de grande devoção. Essa Rosa era artisticamente elaborada segundo o estilo da época.

Descrição histórica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida

A Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi encontrada no rio Paraíba na segunda quinzena de outubro de 1717, é de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 40 centímetros de altura. 

Hipoteticamente, ela teria, originalmente, uma policromia, como era costume na época, mas não há documentos que comprovem. Quando foi pescada, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no lodo do rio.

A cor acanelada com que, hoje, é conhecida ,deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos, ao picumã das chamas das velas e dos candeeiros. Seu estilo é seiscentista, como atestam alguns especialistas que a estudaram.


Entre os que confirmam ser a Imagem do Século XVII estão o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges beneditinos do mosteiro de São Salvador, na Bahia, Dom Clemente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer.

Finalmente, em 1978, após o atentado que a reduzira em quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof. Pietro Maria Bardi – na época diretor do Museu de Arte de São Paulo – que a examinou, juntamente com o Dr. João Marinho, colecionador de imagens brasileiras.

Foi totalmente reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na época, restauradora do Museu de Arte de São Paulo. Ainda conforme estudos dos peritos mencionados, a Imagem foi moldada com argila paulista, da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São Paulo. 

O mais difícil foi determinar o autor da pequena imagem, pois não está assinada ou datada. Assim, após um estudo comparativo, os peritos chegaram à conclusão de que se tratava de um escultor, discípulo do monge beneditino Frei Agostinho da Piedade, e também seu colega de Ordem, Frei Agostinho de Jesus.

Caracterizam seu estilo:
forma sorridente dos lábios, queixo encastoado, tendo, no centro, uma covinha; penteado, flores em relevo, nos cabelos, broche de três pérolas na testa e porte empinado para trás.

Todos estes detalhes se encontram na Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e, por isso, concluíram os peritos, Dom Clemenente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer, que a Imagem foi esculpida pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus.

Coroa e Manto

A partir de 8 de setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar, oficialmente, a coroa ofertada pela Princesa Isabel, em 1884, bem como o manto azul-marinho.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida



A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.

Convocado pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram a procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.

João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.

Durante 15 anos seguidos, a imagem ficou com a família de Felipe Pedroso, que a levou para casa, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para rezar. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem.

A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família construiu um oratório, que logo tornou-se pequeno. Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).

No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.

A 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada, solenemente, por D. José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor.

Vinte anos depois, a 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município. E, em 1929, nossa Senhora foi proclamada RAINHA DO BRASIL E SUA PADROEIRA OFICIAL, por determinação do Papa Pio XI.

Imagem da basílica

Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena.

Era necessário a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início em 11 de Novembro de 1955 a construção de uma outra igreja, atual Basílica Nova.

Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida: Santuário Nacional; "maior Santuário Mariano do mundo".


O Padre Francisco da Silveira, que escreveu a crônica de uma Missão realizada em Aparecida em 1748, qualificou a imagem da Virgem Aparecida como “famosa pelos muitos milagres realizados”. E acrescentava que numerosos eram os peregrinos que vinham de longas distâncias para agradecer os favores recebidos. Mencionamos aqui três grandes prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida. 

O primeiro prodígio, sem dúvida alguma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro da imagem. Não há outras referências sobre o fato a não ser aquela da narrativa do achado da imagem: “E, continuando a pescaria, não tendo até então pego peixe algum, dali por diante foi tão abundante a pesca, que receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, os pescadores se retiraram as suas casas, admirados com o que ocorrera.” 

Entretanto, o mais simbólico e rico de significativo, sem dúvida, foi o milagre das velas pela sua íntima relação com a fé. Aconteceu no primitivo oratório do Itaguaçu, quando o povo se encontrava em oração diante da imagem. 

Numa noite, durante a reza do terço, as velas apagaram-se repentinamente e sem motivo, pois não ventava na ocasião. Houve espanto entre os devotos e, quando Silvana da Rocha procurou acendê-las novamente, elas se acenderam por si, prodigiosamente. 

Significativo também é o prodígio das correntes que se soltaram das mãos de um escravo, quando este implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem muitas versões orais sobre o fato. Algumas são ricas em pormenores. O primeiro a mencioná-lo por escrito foi o Padre Claro Francisco de Vasconcelos, em 1828.

A pesca milagrosa

A Câmara Administrativa de Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era favorável à pescaria mas os pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba.

E a convocação foi lida em toda a redondeza. João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso, moradores de Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difícil tarefa. Remaram a noite toda sem nada pescar.

No Porto de Itaguaçu, lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas ... e a cabeça, onde estava? Guardou o achado no fundo do barco. Continuaram tentando achar peixes.

De repente, na rede do mesmo pescador, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves pegou o corpo do fundo do barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre. Benzeram-se e enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescaria. Agora os peixes sabiam direitinho o endereço de suas redes. E foram tantos que temeram pela fragilidade dos barcos...

O milagre das velas

Depois que chegaram da pescaria onde encontraram a Senhora, Felipe Pedroso levou a imagem para sua casa conservando-a durante 5 anos.

Quando de sua mudança para o bairro da Ponte Alta deu a imagem a seu filho Athanásio Pedroso que morava no Porto de Itaguaçu bem perto de onde seu pai Felipe Pedroso, João Alves e Domingos Garcia haviam encontrado a imagem.

Athanásio fez um altar de madeira e colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Aparecida. Aos sábados seus vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua devoção. Em certa ocasião, ao rezar o terço, 2 velas se apagaram no altar de Nossa Senhora, o que era muito estranho, pois aquela noite estava muito calma e não havia motivo para o acontecimento.

Silvana da Rocha, que no dia acompanhava o terço, quiz acender as velas, porém, as mesmas se acenderam sem que ninguém as tocasse, como um perfeito milagre. Desta data em diante a Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida deixou de pertencer à família de Felipe Pedroso para ficar pertencendo a todos nós, devotos da Santa Milagrosa.

Romeiros de Nossa Senhora Aparecida

Dos milhões de romeiros que visitam o Santuário Nacional de Aparecida, muitos são portadores de angústia, outros tantos, da esperança. Esperança de cura, de emprego, de melhores dias, de paz.

Eles chegam de ônibus, de carro, de trem (em tempo passado), de moto, de bicicleta, a cavalo e a pé. São pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são homens públicos e cidadãos comuns. Aqui estiveram o Papa, príncipes, princesas, presidentes, poetas, padres, bispos, prioras, patrões e empregados. Vieram os pescadores.

Muitos cumprem um ritual que começou com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm pela primeira vez. Ficam perplexos diante do tamanho do Santuário e de sua beleza. A Imagem os extasia. 

A fé traz o romeiro a Aparecida leva-o a comportamentos de pincéis famosos, câmaras e versos imortais. Olhos que buscam, vasculham ou se fecham para ler as mensagens secretas que trazem na alma. Lábios que balbuciam ave-marias, atropeladas pela pressa das muitas intenções.

Mãos que seguram as contas do rosário, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joelho que se dobram e se arrastam, em atitude de total despojamento. Pés cansados pela procura de suas certezas. Coração nas mãos em forma de oferenda. Na alma, profundo senso do sagrado.

O chão que pisam, a porta que transpõem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles significado transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora Aparecida. Alma pura, simples, do devoto que acredita, que se entrega à proteção dos céus, sem dúvidas ou restrições.

Pe. Antonio Queiroz dos Santos, C.Ss.R.

Fonte: Blog Catequisar
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