“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Liturgia da Palavra: 2 de outubro de 2016 – Domingo.


XXVII Domingo do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Creio; III  semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura da profecia de Habacuc (1,2-3;2,2-4):

Oráculo recebido em visão pelo profeta Habucuc. Até quando, Senhor, implorarei sem que escuteis? Até quando vos clamarei: “Violência!”, sem que venhais em socorro? Por que me mostrais o espetáculo da iniqüidade, e contemplais vós mesmo essa desgraça? Só vejo diante de mim opressão e violência, nada mais que discórdias e contendas? E o Senhor respondeu-me assim: “Escreve esta visão, grava-a em tabuinhas, para que ela possa ser lida facilmente; porque há ainda uma visão para um termo fixado, ela se aproxima rapidamente de seu termo e não falhará. Mas, se tardar, espera-a, porque ela se realizará com toda a certeza e não falhará. Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (94/95)

Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus! 

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro, caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.

II   Leitura

Leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo (1,6-8.13-14):

Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lucas 17,5-10):

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta-nos a fé!”  Disse o Senhor: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: ‘Arranca-te e transplanta-te no mar’, e ela vos obedecerá. Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: ‘Vem depressa sentar-te à mesa?’ E não lhe dirá ao contrário: ‘Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu?’ E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação?
Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer’”.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

A FORÇA DA FÉ

Quando os discípulos pediram a Jesus para aumentar-lhes a fé, queriam que ela se tornasse mais autêntica e existencial. Quando isto acontecesse, eles estariam aptos para testemunhá-la com a vida, de acordo com o que acreditavam. Não é questão de aumento quantitativo da fé. Mesmo que seja mínima, mas autêntica, ela tem o formidável poder de fazer coisas impossíveis.

Esta é a mensagem da parábola da árvore transplantada para o mar. Uma fé minúscula seria suficiente para ordenar a uma árvore arrancar-se e plantar-se no mar. Essa ordem será imediatamente executada, quando resultar da confiança inabalável em Deus.
A profundidade da fé manifesta-se na maior ou menor capacidade de realizar as obras dela decorrentes. E as obras decorrentes da fé são as do amor. Quanto mais temos fé, mais somos misericordiosos com o próximo, cultivamos uma disposição contínua para perdoar, buscamos, em tudo, ser fraternos e solidários com os outros, empenhamo-nos pela causa da justiça.

As obras da fé são, em última análise, o dever fundamental da comunidade cristã. Realizá-las é obrigação. Quem as pratica, sabe que faz o que Deus quer. Portanto, tem consciência de ser um simples servo inútil, cuja única grandeza consiste em fazer o que é seu dever.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total


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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Liturgia da Palavra: 25 de setembro de 2016 – Domingo.


XXVI Domingo do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Creio; II semana do Saltério)


Oração do dia

Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que reservais.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura 

Leitura da profecia de Amós (6,1.4-7):

Ai daqueles que vivem comodamente em Sião, e daqueles que vivem tranqüilos no monte da Samaria; ai dos nobres do primeiro dos povos, aos quais acorre a casa de Israel. Deitados em leitos de marfim, estendidos em sofás, comem os cordeiros do rebanho e os novilhos do estábulo. Deliram ao som da harpa, e, como Davi, inventam para si instrumentos de música; bebem o vinho em grandes copos, perfumam-se com óleos preciosos, sem se compadecerem da ruína de José. Por isso serão deportados à frente dos cativos, e terão fim os banquetes dos voluptuosos.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (145/146)

Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!

O Senhor é fiel para sempre,
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.

O Senhor abre os olhos aos cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído;
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro.

ele ampara a viúva e o órgão,
mas confunde os caminhos dos maus.
O Senhor reinará para sempre!
Ó Sião, o teu Deus reinará
para sempre e por todos os séculos!

II   Leitura 

Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo (6,11-16):

Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.
Em presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que ante Pôncio Pilatos abertamente testemunhou a verdade, recomendo-te que guardes o mandamento sem mácula, irrepreensível, até a aparição de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual a seu tempo será realizada pelo bem-aventurado e único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que possui a imortalidade e habita em luz inacessível, a quem nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno! Amém.

Palavra do Senhor.

Evangelho 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 
(16,19-31):

Naquele tempo, disse Jesus: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava.  Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio.
Gritou, então: ‘Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas’. Abraão, porém, replicou: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá’. O rico disse: ‘Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos’.
Abraão respondeu: ‘Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!’ O rico replicou: ‘Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão’. Abraão respondeu-lhe: ‘Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos’.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

APELO À CONVERSÃO

A parábola do rico e do pobre Lázaro comporta um apelo à conversão, especialmente dirigido a quem está tão preocupado com os prazeres desta vida, a ponto de se tornar insensível às carências de seus semelhantes, mormente, os mais pobres.

A primeira cena exibe o rico, cujo nome é omitido, gozando os prazeres da vida, vestindo roupas caras e banqueteando-se esplendidamente. À sua porta, jaz um mendigo doente, de nome Lázaro, que significa "Deus ajuda", coberto de feridas. Nada lhe chega da mesa do rico que possa saciar-lhe a fome. Suas chagas são lambidas por cães vagabundos, os quais Lázaro não tem força para afastar.

A morte, porém, inverte as posições. Lázaro recebe a ajuda de Deus, por quem é acolhido. O rico, porém, é brindado com um destino de tormentos indizíveis, no inferno. Só, então, dá-se conta do quanto fora insensato, despreocupando-se com a própria salvação. Era tarde demais! O rico havia desperdiçado o tempo posto à sua disposição, escolhendo um modo de vida egoísta e folgazão. Caminho igualmente escolhido por seus cinco irmãos. Também eles recusavam-se a dar ouvido às Escrituras. Nem mesmo um milagre espetacular, como a ressurreição de um morto, seria suficiente para chamá-los à sensatez. Logo, estavam escolhendo a mesma sorte do irmão defunto, se não se convertessem imediatamente.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In.: Dom Total



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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Liturgia da Palavra: 18 de setembro de 2016 – Domingo.


XXV Domingo do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Creio; I Semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Pai, que resumistes toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura da profecia de Amós (8,4-7):

Ouvi isto, vós que engolis o pobre, e fazeis perecer os humildes da terra, dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos o nosso trigo, e o sábado, para abrirmos os nossos celeiros, diminuindo a medida e aumentando o preço, e falseando a balança para defraudar? (Compraremos os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias.) Venderemos até o refugo do trigo”. O Senhor jurou pelo orgulho de Jacó: “não esquecerei jamais nenhum de seus atos”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (112/113)

Louvarei o Senhor, que eleva os pobres!

Louvai, louvai, ó servos do Senhor,
louvai, louvai o nome do Senhor!
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e por toda a eternidade!

O Senhor está acima das nações,
sua glória vai além dos altos céus.
Quem pode comparar-se ao nosso Deus,
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono
e se inclina para olhar o céu e a terra?

Levanta da poeira o indigente
e do lixo ele retira o pobrezinho,
para fazê-lo assentar-se com os nobres,
assentar-se com os nobres do seu povo.

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo (2,1-8):

Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu tempo; e deste fato - digo a verdade, não minto - fui constituído pregador, apóstolo e doutor dos gentios, na fé e na verdade. Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando as mãos puras, superando todo ódio e ressentimento.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lucas 16,1-13):

Jesus disse também a seus discípulos: “Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. Ele chamou o administrador e lhe disse: ‘Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens’. O administrador refletiu então consigo: ‘Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego’.
Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves a meu patrão?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de azeite’. Disse-lhe: ‘Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinqüenta’. Depois perguntou ao outro: ‘Tu, quanto deves?’ Respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma os teus papéis e escreve: oitenta’. E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes’.
Eu vos digo: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos. Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes. Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

UMA ESTRANHA COMPARAÇÃO

A parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser.

O administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a maneira de garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma as providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado.

Jesus quer inculcar nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando de dispor-se para alcançar o Reino. Evidentemente, os elementos de desonestidade ficam fora de cogitação. O ponto focalizado, na atitude do administrador, é sua decisão inabalável, sua capacidade de encontrar a forma adequada de ver concretizado seu intento, a coragem de enfrentar os riscos, o otimismo que não permite pôr em dúvida o seu projeto.

Jesus constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do que os filhos da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes falta determinação na busca de seus objetivos.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total



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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Liturgia da Palavra: 11 de setembro de 2016 – Domingo.


XXIV Domingo do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Creio; IV semana do Saltério)


Oração do dia

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Êxodo (32,7-11.13-14):

O Senhor disse a Moisés: “Vai, desce, porque se corrompeu o povo que tiraste do Egito. Desviaram-se depressa do caminho que lhes prescrevi; fizeram para si um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: eis, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito. Vejo, continuou o Senhor, que esse povo tem a cabeça dura. Deixa, pois, que se acenda minha cólera contra eles e os reduzirei a nada; mas de ti farei uma grande nação.”
Moisés tentou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo-lhe: “Por que, Senhor, se inflama a vossa ira contra o vosso povo que tirastes do Egito com o vosso poder e à força de vossa mão? Lembrai-vos de Abraão, de Isaac e de Israel, vossos servos, aos quais jurastes por vós mesmo de tornar sua posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e de dar aos seus descendentes essa terra de que falastes, como uma herança eterna.” E o Senhor se arrependeu das ameaças que tinha proferido contra o seu povo.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (50/51)

Vou agora levantar-me,
 volto à casa do meu pai.

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,
e minha boca anunciará vosso louvor!
Meu sacrifício é minha alma penitente,
não desprezeis um coração arrependido!

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo (1,12-17):

Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério, a mim que outrora era blasfemo, perseguidor e injuriador. Mas alcancei misericórdia, porque ainda não tinha recebido a fé e o fazia por ignorância. E a graça de nosso Senhor foi imensa, juntamente com a fé e a caridade que está em Jesus Cristo. Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de fé: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro. Se encontrei misericórdia, foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade e eu servisse de exemplo para todos os que, a seguir, nele crerem, para a vida eterna. Ao Rei dos séculos, Deus único, invisível e imortal, honra e glória pelos séculos dos séculos! Amém.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (15,1-32):

Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
2 Os fariseus e os escribas murmuravam: “Este homem recebe e come com pessoas de má vida!” Então lhes propôs a seguinte parábola:
“Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: ‘Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido’. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”.
Disse também: “Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: ‘Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrou então em si e refletiu: ‘Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância e eu, aqui, estou a morrer de fome!’  Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse, então: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai falou aos servos: ‘Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’. E começaram a festa.
O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. Ele lhe explicou: ‘Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo’. Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então, respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!’ Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’”.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

ENSINANDO A PERDOAR

           
Um dos maiores desafios para quem vive em comunidade é o perdão. Por outro lado, a sobrevivência de qualquer comunidade humana dependerá da capacidade que seus membros têm de perdoar. Sem isto, não há comunidade que possa subsistir por muito tempo.
Em se tratando da comunidade cristã, o perdão torna-se um imperativo. Os discípulos de Jesus foram exortados a considerar as raízes teológicas do perdão. No  ato de perdoar o próximo e de se reconciliar com ele, Deus se faz presente. Por conseguinte, o perdão supera os limites humanos.

Quando alguém perdoa o próximo, age em conformidade com Deus que concede prodigamente o seu perdão ao ser humano. Para tanto, fecha os olhos para a maldade humana, quando a pessoa se reconhece pecadora e se volta para ele.

A capacidade divina de perdoar é ilimitada. Deus conhece perfeitamente de que é feito o ser humano, e sabe muito bem que sua fidelidade pode não ser definitiva. Quem é perdoado hoje pode voltar a pecar amanhã. No entanto, sempre que se converte e volta arrependido, encontrará um Pai bondoso e misericordiosos para acolhê-lo.

Os discípulos de Jesus são chamados a imitar o modo de agir de Deus. Também eles devem perdoar com prodigalidade, tendo um coração cheio de misericórdia para acolher quem carece de perdão.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
 Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total


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