“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

terça-feira, 28 de abril de 2015

Liturgia da Palavra: 3 de maio de 2015 - Domingo


V DOMINGO DA PÁSCOA
(Cor branca, Glória, Creio – I semana do Saltério)



ORAÇÃO DO DIA

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna. 
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I LEITURA

Leitura dos Atos dos Apóstolos (9,26-31):

Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo. Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor. Falava também e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam matá-lo.
Quando ficaram sabendo disso, os irmãos levaram Saulo para Cesareia, e dali o mandaram para Tarso. A Igreja, porém, vivia em paz em toda a Judéia, Galileia e Samaria. Ela consolidava-se e progredia no temor do Senhor e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.

 Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL (21/22)

 Senhor, sois meu louvor * em meio à grande assembleia!

Sois meu louvor em meio à grande assembleia;
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem.
Vossos pobres vão comer e saciar-se,
e os que procuram o Senhor o louvarão;
“seus cora- ções tenham a vida para sempre!”

Lembrem-se disso os confins de toda a terra,
para que voltem ao Senhor e se convertam
e se prostrem, adorando, diante dele
todos os povos e as famílias das nações.
somente a ele adorarão os poderosos
e os que voltam para o pó, o louvarão.

Para ele há de viver a minha alma,
toda a minha descendência há de servi-lo;
às futuras gerações anunciará
o poder e a justiça do Senhor;
ao povo novo que há de vir, ele dirá:
“Eis a obra que o Senhor realizou!”


II LEITURA

Leitura da Primeira Carta de São João (3,18-24):

Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Aí está o critério para saber que somos da verdade para sossegar diante dele o nosso coração, pois, se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas.
Caríssimos, se o nosso coração não nos acusa, temos confiança diante de Deus. E qualquer coisa que pedimos recebemos dele, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu agrado. Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu.

Palavra do Senhor.

EVANGELHO

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (15,1-8):

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei.
Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permaneceu em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”.

Palavra da salvação




Comentário ao Evangelio

Cristo a Videira, nós os ramos

No A.T., a “vinha de Javé” era Israel. Mas não produziu seu fruto. O NT traz uma parábola de Jesus, dizendo que foram os vinhateiros que não quiseram dar a devida parte do produto ao proprietário; este, depois de ter mandado servos, enviou finalmente seu próprio filho, mas os vinhateiros o mataram, e a vinha foi dada a outros arrendatários. Assim, a vinha se tornou imagem do novo povo de Deus. É nesse sentido que Jo recorre à imagem da videira (evangelho). Decerto, ela se aplica em primeiro lugar a Jesus mesmo: “A verdadeira videira sou eu” (em oposição à videira provisória ou tipológica, que era Israel). Mas trata-se de Jesus unido aos seus: naqueles que estão unidos a  ele é que Jesus produz os frutos que glorificam o Pai, os frutos da caridade (cf. próximo domingo).

Além da idéia principal – produzir frutos pela união vital com Cristo -, encontramos também algumas aplicações secundárias da imagem: a poda, que significa a purificação pela palavra de Cristo, pela opção que esta nos impõe; ou, no caso dos ramos secos, a condenação.

Em que  consiste essa união vital com Cristo? Em permanecer em sua palavra, o mandamento do amor fraterno. É o “amar, não só com palavras, mas em atos e verdade”, de que fala a 2ª leitura. Esse “amor eficaz” faz com que reconheçamos que “somos da verdade” e tenhamos paz em nosso coração. Para João, a verdade se mostra em gestos concretos. Com seu estilo associativo, Jo passa a outra idéia: se  nosso coração não tem paz, mas nos condena, que fazer então? Então devemos crer que Deus é maior que nosso coração. Se nosso coração nos acusa, devemos confia-lo a Deus: conversão. E se não nos acusa, podemos viver da comunhão com Deus, pedindo o que um filho pode pedir do Pai (1Jo 3,22; cf. Jo 15,7).

Na 1ª leitura continua a história da primeira comunidade cristã. Traz o relato de Lucas referente às primeiras atividades apostólicas de Paulo, seu contato com os apóstolos de Jerusalém, mediante Barnabé, suas discussões com os judeus do helenismo (Paulo e Barnabé eram judeu-helenistas), sua missão a Tarso. Na Carta aos Gálatas, Paulo descreve este período, dizendo que “viu” somente a Pedro; mas isso não contradiz o que Lc aqui escreve. Quer dizer que Paulo só submeteu seus  planos ao chefe dos apóstolos, Pedro, e não está sob a jurisdição do chefe da igreja de Jerusalém, Tiago, para o qual apelam os “judaizantes”, que Paulo combate na carta. Podemos, portanto, dizer que, desde a sua primeira atividade, existe harmonia dos principais apóstolos em torno da missão de Paulo. A comunhão preconizada pela imagem da videira é uma realidade.

A liturgia de hoje oferece ensejo para realçar a unidade da “mesa da Palavra” e da “mesa eucarística”. O canto da comunhão sugere essa ligação. A linguagem dos símbolos poderá visualizar que a “videira verdadeira” (cf. liturgia da Palavra) produziu, como primeiro de seus frutos, o “vinho da salvação”, ou seja, o sangue derramado na cruz (cf. liturgia eucarística). Os nossos frutos deverão ser da mesma natureza!

(Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes) 



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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Liturgia da Palavra: 26 de abril de 2015 – Domingo.


IV Domingo da Páscoa 
(Cor branca, Glória, Creio – IV semana do Saltério)



Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos (4,8-12):

Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes: “Chefes do povo e anciãos, ouvi-me:  se hoje somos interrogados a respeito do benefício feito a um enfermo, e em que nome foi ele curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: foi em nome de Jesus Cristo Nazareno, que vós crucificastes, mas que Deus ressuscitou dos mortos.
Por ele é que esse homem se acha são, em pé, diante de vós.  Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação,  porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (117/118)

A pedra que os pedreiros rejeitaram 
tornou-se agora a pedra angular. 

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
“Eterna é a sua misericórdia!”
É melhor buscar refúgio no Senhor
do que pôr no ser humano a esperança;
é melhor buscar refúgio no Senhor
do que contar com os poderosos deste mundo!

Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes
e vos tornastes para mim o Salvador!
“A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!

Bendito seja, em nome do Senhor,
aquele que em seus átrios vai entrando!
Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço!
Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
“Eterna é a sua misericórdia!”

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são João (3,1-2):

Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (10,11-18):

Disse Jesus: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas.
O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas.
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.  O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.  Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai”.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

O PASTOR DAS OVELHAS

Jesus serviu-se da metáfora do pastor para explicitar que tipo de relação desejava estabelecer com seus discípulos. Queria superar os esquemas bem conhecidos na época, pelos quais os mestres tornavam-se verdadeiros tiranos dos discípulos. Sua intenção era ser um mestre diferente. Como?

Sendo um mestre legítimo, seria como o pastor que entra pela porta do curral e não por outras vias, à maneira dos mestres mal-intencionados. Estabelecendo um relacionamento cordial e amigo com seus discípulos,  imitaria o pastor que conversa com suas ovelhas, chama-as pelo nome e as trata com carinho,  pois sua função é cuidar delas.

Conduzindo os discípulos de maneira segura, para evitar extravios, assemelhar-se-ia ao pastor que se coloca à frente do rebanho. Suas ovelhas o seguem, sem hesitar, por reconhecerem a voz de seu guia.

Defendendo seu rebanho perigos e das ciladas que a vida lhes prepara. Os mercenários, nos momentos de perigo, deixam as ovelhas entregues à si mesmas. Agem assim, porque são mercenário, incapazes de arriscar suas vidas para defender o rebanho. Jesus, pelo contrário, defenderá os seus discípulos, até o extremo, mesmo tendo de entregar sua própria vida.

Portanto, é mais prudente deixar-se guiar por um tal pastor.



(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.)  In: Dom Total 

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Liturgia da Palavra: 19 de abril de 2015 – Domingo


III Domingo da Páscoa 
(Cor branca, Glória, Creio – III semana do Saltério)



Oração do dia

Ó Deus, que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos (3,13-15.17-19):

Naqueles dias, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo:  “O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este resolvera soltá-lo. Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida. Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas. Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes. Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer.  Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados.

Palavra do Senhor.

  Salmo responsorial (4)


Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face! 

Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça!
Vós que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,
atendei-me por piedade e escutai minha oração!

Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo
e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!

Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?”
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço,
pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!

II    Leitura

Leitura da primeira carta de são João (2,1-5):

Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (24,13-35):

Os dois discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer?” Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles. Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.        Vós sois as testemunhas de tudo isso”.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

CONGREGADOS POR JESUS

Os discípulos a caminho de Emaús são um retrato da dispersão que se abateu sobre a comunidade, por ocasião da morte de Jesus. Frustrados, voltavam para sua cidade natal, após terem visto esvair-se a esperança de libertação, liderada pelo Messias Jesus. Como eles, muitos outros desiludiram-se com o Mestre e com o projeto de vida que ele havia proclamado. Parecia não levar a nada!

Tudo mudou, quando os discípulos foram capazes de compreender os fatos referentes a Jesus, numa ótica diferente, ou seja, na perspectiva do grande desígnio do Pai: salvar a humanidade. Sob esta luz, a cruz tornava-se sinônimo de vitória, fazendo descortinar nova esperança de libertação, sem as limitações das antigas esperanças. Era tempo de ação!

A decepção dos discípulos devia-se a uma certa dureza de coração que os mantinha cativos em seus esquemas mentais, demasiados estreitos para comportarem o projeto de Deus em toda a sua amplitude.

A descoberta do Ressuscitado despertou no coração dos discípulos a disposição de se deixarem congregar por ele. Por isso, os dois que voltavam para sua cidade, cansados e abatidos, retornam imediatamente para Jerusalém, a fim de reencontrar a comunidade. Era preciso continuar unidos em torno do Senhor Ressuscitado, já que tinham uma missão a cumprir.

  

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.)  In: Dom Total


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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Liturgia da Palavra: 12 de abril de 2015 – Domingo


II Domingo da Páscoa 
(Cor branca, Glória, Creio, Prefácio da Páscoa  I – Ofício próprio)

Oração do dia

Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos  (4,32-35):

A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum. Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles era grande a graça. Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.

Palavra do Senhor.

 
Salmo responsorial (117/118)

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom;
“Eterna é a sua misericórdia!”


A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Aarão agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”
Os que temem o Senhor agora o digam:
“Eterna é a sua misericórdia!”

Empurraram-me, tentando derrubar,
mas veio o Senhor em meu socorro.
O Senhor é minha força e o meu canto
e tornou-se para mim o salvador.
“Clamores de alegria e de vitória
Ressoem pelas tendas dos fiéis”.

“A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular”.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!

II    Leitura

Leitura da primeira carta de são João  (5,1-6):

Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.  Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Ei-lo, Jesus Cristo, aquele que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é quem dá testemunho dele, porque o Espírito é a verdade.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João  (20,19-31):

Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: "A paz esteja convosco"! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós".
Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos".
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: "Vimos o Senhor". Mas ele replicou-lhes: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei"!
Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: "A paz esteja convosco"! Depois disse a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé". Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!" Disse-lhe Jesus: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!"

Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

CRER SEM VER

 A bem-aventurança de crer no Senhor Ressuscitado, sem tê-lo visto, diz respeito a todos os cristãos. Neste caso, o pré-requisito para se tornar bem-aventurado consiste em dar crédito ao testemunho de quem "viu" o Senhor, e anunciou que ele está vivo. A tradição cristã, ao longo dos séculos, foi se formando a partir do testemunho dos primeiros cristãos. Estes saíram pelo mundo inteiro para anunciar que o Senhor ressuscitou, testemunhando o fato, não só com palavras, mas também com a vida. O testemunho de fé - palavra e vida - da comunidade é a única forma de ter acesso ao Senhor. Só por este caminho é que se chega a Jesus.

Como conseqüência, cada cristão deve estar convicto de que é mediação da experiência do Ressuscitado, para todas as pessoas com quem se defronta. Quando o cristão, realmente, assimila a dinâmica da ressurreição, e a deixa transformar sua vida, torna-se uma prova convincente de que o Senhor está vivo, e sua presença tem a força de mudar, radicalmente, a vida de quem o acolhe. Este é o testemunho que atrairá muitas pessoas para a fé.

Assim, embora não vejamos Jesus ressuscitado com os nossos olhos, é possível acolhê-lo na fé, e testemunhar que ele, de fato, está no meio de nós.



(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
 Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE).     In: Dom Total 


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quarta-feira, 1 de abril de 2015

Liturgia da Palavra: PÁSCOA - 05 de abril de 2015.

Páscoa da Ressurreição 
(Cor branca, Glória, Sequência, Creio, Prefácio da Páscoa I – I semana do Saltério)



Oração do dia

Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura 

Leitura dos Atos dos Apóstolos (10,34.37-43):

Então Pedro tomou a palavra e disse: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele.
E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro. Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou. Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome”.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (117/118)

Este é o dia que o Senhor fez para nós:
alegremo-nos e nele exultemos!


Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
“Eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”

A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou.
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei
para cantar as grandes obras do Senhor!

A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses  (3,1-4):

Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória.

Palavra do Senhor.

Seqüência

Cantai, cristãos, afinal: “Salve ó vítima Pascal!”
Cordeiro inocente, o Cristo abriu-nos do Pai o aprisco.
Por toda ovelha imolado, do mundo lava o pecado.
Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte.
O rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria: no teu caminho o que havia?
“Vi Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado.
Os anjos da cor do sol, dobrado ao chão o lençol.
O Cristo, que leva aos céus, caminha à frente dos seus!”
Ressuscitou de verdade.
Ó rei, ó Cristo, piedade!

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (20,1-9):

No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

Palavra da Salvação.

 


Comentário ao Evangelho

O DESPERTAR DA FÉ

A ressurreição desperta os discípulos para a verdadeira fé em Jesus. Pode-se falar da fé deles ao longo do ministério terreno de Jesus. No período pré-pascal, porém, faltava-lhes o dado da ressurreição, essencial para uma adesão plena ao Senhor.

A fé pré-pascal tinha algumas limitações: estava calcada num messianismo demasiado terreno no qual se privilegiava a dimensão humana e política de Jesus, em detrimento de sua condição divina; dependia da presença física do Mestre para se sustentar. Apesar da insistência de Jesus, os discípulos estavam ainda muito centrados em si mesmos, sem se dar conta de que era preciso dar testemunho de sua fé.

A constatação do túmulo vazio serviu, para o discípulo amado, de indício de que algo novo estava acontecendo. A afirmação do evangelista – "Ele viu e acreditou" – revela o desabrochar da consciência de que Jesus era muito mais do que João podia imaginar. O túmulo vazio não foi prova da ressurreição, mas um sinal de alerta. Tanto Maria Madalena quanto Simão Pedro fizeram a mesma experiência. No entanto, deles se fala que ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. Eles foram incapazes de perceber o sinal.

A dinâmica da fé no Ressuscitado exigiu dos primeiros discípulos a superação de certos esquemas, de modo a se predisporem a acolher a novidade que o Pai lhes revelava.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total