“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Liturgia da Palavra: 01 de junho de 2014 – Domingo.

DOMINGO DE SOLENIDADE DE ASCENSÃO DO SENHOR

48º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

(Cor branca, Glória, Creio)

Oração  

Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. 
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.
Amém.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos (1, 1-11):


Em minha primeira narração, ó Teófilo, contei toda a seqüência das ações e dos ensinamentos de Jesus, desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo suas instruções aos apóstolos que escolhera, foi arrebatado (ao céu). E a eles se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus.  E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, "que ouvistes", disse ele, "da minha boca; porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias".
Assim reunidos, eles o interrogavam: "Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?" Respondeu-lhes ele: "Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo".
Dizendo isso elevou-se da (terra) à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos.  
Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram:  "Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu".

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (46/47)

Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta!

Povos todos do universo, batei palmas,
gritai a Deus aclamações de alegria!
Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,
o soberano que domina toda a terra.

Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta.
Salmodiai ao nosso Deus ao som da harpa,
salmodiai, ao som da harpa, ao nosso rei!

Porque Deus é o grande rei de toda a terra,
ao som da harpa acompanhai os seus louvores!
 Deus reina sobre todas as nações,
está sentado no seu trono glorioso.

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Efésios (1,17-23):

Irmãos,  "rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento dele;  que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco, que abraçamos a fé. É o mesmo poder extraordinário que ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o sentar à sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro.  E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (28,16-20):

Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. 
Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: "Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo".

Palavra da Salvação. 



COMUNICAÇÃO COMO AUTÊNTICA CULTURA DO ENCONTRO

Entre os muitos refrãos da atualidade, repete-se à exaustão que vivemos a melhor das fases no que se refere à comunicação e seus aparatos técnicos. Isso é bom e até verdadeiro. Ocorre que também convém desconfiar dos exageros ou de certo endeusamento de tudo o que cheira tecnologia da comunicação, como se os meios por si só tivessem poderes mágicos.

A comunicação humana é, em primeiro plano, a busca do outro. Comunicar é buscar construir e manter vínculos. Quem comunica partilha algo com o outro, num processo recíproco. Não deveria haver soberania do emissor e passividade do receptor. Deveria haver trocas. A comunicação se dá quando emissor e receptor se sentem como iguais. Comunicar é coabitar, de modo que não há comunicação sem o respeito ao outro. Não há comunicação no isolamento.

A mensagem do papa Francisco para este dia das comunicações sociais nos convida a uma autêntica cultura do encontro. Ele ressalta a importância dos meios de comunicação e exorta: “Neste mundo, os meios de comunicação podem ajudar a sentir-nos mais próximos uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna. Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos”.

Sabe-se que, em menos de cem anos, foram inventados e democratizados o telefone, o rádio, a imprensa, o cinema, a televisão, o computador, as redes. Tudo isso reduziu as condições de trocas e de relação. Reduziu, sobretudo, as distâncias, confirmando a chamada aldeia global (McLuhan).

O papa, porém, critica as formas de exclusões e divisões causadas num tempo em que os meios deveriam incluir e unir: “Dentro da humanidade, permanecem divisões, e às vezes muito acentuadas. O mundo sofre de múltiplas formas de exclusão, marginalização e pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas econômicas, políticas, ideológicas e até mesmo, infelizmente, religiosas”.

O desafio é aliar ferramentas a valores sempre mais democráticos e humanizadores. Não se trata de condenar nem endeusar a técnica, mas agregá-la na construção de um mundo de paz, sem exploração, tirania, violência nem mentiras. Que de nossa parte a “comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho bom pela alegria”, ensina o papa.

Comentário - Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
 (fonte: www.paulus.com.br)


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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Liturgia da Palavra: dia 25 de maio de 2014 – Domingo.


VI SEMANA DA PÁSCOA 

(Cor branca, Glória, Creio – II semana do Saltério)

  
Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos apóstolos (8,5-8.14-17): 

Naqueles dias, Filipe desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo. A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia, escutando-o unanimemente e presenciando os prodígios que fazia. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos paralíticos e coxos. Por esse motivo, naquela cidade reinava grande alegria. 
Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. 
Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo,  visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. 
Então os dois apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo. 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (65/66)

Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
cantai salmos a seu nome glorioso!


Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
cantai salmos a seu nome glorioso,
dai a Deus a mais sublime louvação!
Dizei a Deus: “Como são grandes vossas obras!

Toda a terra vos adore com respeito
e proclame o louvor de vosso nome!”
Vinde ver todas as obras do Senhor:
seus prodígios estupendos entre os homens!

O mar ele mudou em terra firme,
e passaram pelo rio a pé enxuto.
Exultemos de alegria no Senhor!
Ele domina para sempre com poder!

Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar:
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
Bendito seja o Senhor Deus, que me escutou,
não rejeitou minha oração e meu clamor
Nem afastou longe de mim o seu amor!

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Pedro (3,15-18): 

Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito. 
Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo. 
Aliás, é melhor padecer, se Deus assim o quiser, por fazer o bem do que por fazer o mal. Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (14,15-21): 

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos.  E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.  Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis.  Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele".

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

O ESPÍRITO VERDADEIRO

Num contexto de ódio e de perseguição, a promessa feita por Jesus de dar aos discípulos o Espírito da Verdade reveste-se de suma importância. Foi a forma de protegê-los contra o erro e a mentira, ciladas montadas pelo mundo para desviá-los do bom caminho. Sem esta ajuda salutar, com muita probabilidade, deixar-se-iam levar pelas sugestões do falso espírito, chegando a renegar sua condição de discípulos. Pois, enquanto o Espírito da Verdade conduz ao Deus verdadeiro, o espírito da mentira conduz aos falsos deuses, aos ídolos.

O Espírito é designado como Paráclito, ajudante dos discípulos de Jesus. Assim, não seriam deixados à própria sorte, numa espécie de perigosa orfandade. A presença do Espírito de Verdade junto deles daria continuidade à de Jesus. Eles teriam sempre a quem recorrer, pois o Espírito estaria neles e "com eles para sempre". 

A comunidade cristã sempre correria o sério risco de ser levada pelo espírito da mentira. Por isso, precisava da presença constante do Espírito da Verdade para manter-se sempre no bom caminho. Quanto maior esse risco, tanto mais necessária fazia-se a presença desse Espírito que conduz à verdade e à vida. Ele haveria de ser uma luz a expulsar as trevas, de modo a permitir aos discípulos caminhar com segurança rumo à casa do Pai.

(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE. Fonte: Dom Total )

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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Liturgia da Palavra: 18 de Maio de 2014 – Domingo.

V DOMINGO DA ÁSCOA 

(Cor branca, Glória, Creio - I semana do Saltério) 

Oração do dia

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem em Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos  (6,1-7):

Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: "Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra". 
Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.  Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos. 
Divulgou-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia à fé.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (32/33)

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!


Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorificá-lo.
Daí graças ao Senhor ao som da harpa,
n lira de dez cordas celebrai-o.

pois reta é a palavra do Senhor,
tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
Transborda em toda a terra a sua graça.

O Senhor pousa o olhar sobe os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vida
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Pedro (2,4-9):

Achegai-vos a ele, pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus;  e quais outras pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Por isso lê-se na Escritura: "Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, preciosa: quem nela puser sua confiança não será confundido". 
Para vós, portanto, que tendes crido, cabe a honra. Mas, para os incrédulos, "a pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a pedra angular, uma pedra de tropeço, uma pedra de escândalo". Nela tropeçam porque não obedecem à palavra; e realmente era tal o seu destino. Vós, porém, sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (14,1-2):

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: "Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.  Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.  Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou". 
Disse-lhe Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?"  Jesus lhe respondeu: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto". 
Disse-lhe Filipe: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta". Respondeu Jesus: "Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. 
Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.  Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai".

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

NÃO SE PERTURBEM!

O imperativo de Jesus – "Que o coração de vocês não se perturbe!" – sublinha a situação dos discípulos, tomados de medo, quando o Mestre anunciou-lhes estar próxima a sua partida. O medo está na raiz da imobilidade. Os medrosos recusam-se a agir e a buscar vias de saída. São levados a esconder-se, a fugir, a evitar o confronto com a realidade. 

Era preciso reverter, urgentemente, o sentimento que despontava no coração dos discípulos. Eles já começavam a apavorar-se diante do que lhes estava sendo revelado. As palavras do Mestre havia-os pego de surpresa, pois não percebiam para onde estavam sendo conduzidos. Por conseguinte, foram tomados de pavor quando perceberam o que efetivamente se lhes descortinava no horizonte. 

No mundo bíblico, o coração é carregado de simbolismo. É considerado como a sede dos sentimentos, do desejo, da razão, da decisão da vontade. Portanto, o centro da ação dos discípulos é que se encontrava afetado. Daí o risco de ficarem reduzidos à inatividade. Com o coração perturbado, sentiam-se incapazes de agir.

Só havia um caminho para superar o medo: dar crédito à palavra de Jesus. Sua morte deveria ser entendida como etapa do processo de preparação de um lugar para os discípulos, na casa do Pai. Se quisessem viver a comunhão plena com Jesus e o Pai, seria necessário lançar-se à ação. E o "Caminho" já lhes havia sido indicado!
(O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE).  Comentário - Dom Total

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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Liturgia da Palavra: 11 de Maio de 2014 – Domingo.

IV Domingo da Páscoa 

(Cor branca, Glória, Creio – IV semana do Saltério)


Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos (2,14.36-41): 

No dia de Pentecostes,  Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse:  "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo".
Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: "Que devemos fazer, irmãos?" Pedro lhes respondeu: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. 
Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus".  Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: "Salvai-vos do meio dessa geração perversa!"  Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (22/23)

O Senhor é o pastor que me conduz;
para as águas repousantes me encaminha.


O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado:
eles me dão a segurança!

Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Pedro (2,20-25): 

Caríssimos, que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus. Ora, é para isto que fostes chamados. Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os seus passos. 
Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca.  Ele, ultrajado, não retribuía com idêntico ultraje; ele, maltratado, não proferia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. 
Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados. Porque éreis como ovelhas desgarradas, mas agora retornastes ao Pastor e guarda das vossas almas.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (10,1-10):

Naquele tempo, disse Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas.  A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem. 
Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz. Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos". 

Jesus disse-lhes essa parábola, mas não entendiam do que ele queria falar. 
Jesus tornou a dizer-lhes: "Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem.  O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância".

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

A QUEM SEGUIR?

Os discípulos devem estar alertas. De todos os lados, surgem pressões, visando afastá-los do projeto de Jesus. Quem não está atento, corre o risco de ser enganado. O pastor das ovelhas age de maneira muito diferente dos salteadores e ladrões. Cada um é reconhecido por seu modo de proceder.

O pastor tem com as ovelhas um relacionamento feito de confiança e amizade. A intimidade permite que se conheçam mutuamente. As ovelhas conhecem-no pela voz. Ele as chama pelo nome. Cada ovelha tem um valor particular. Elas são levadas para pastar, sob a atenta vigilância do pastor, que lhes dá segurança e as defende. 

Esta é a imagem do relacionamento de Jesus com seus discípulos.
Contrariamente ao pastor, agem os estranhos que não nutrem um autêntico interesse pelas ovelhas. Atuando com engodo, podem colocá-las em perigo. Sua única preocupação consiste em tirar proveito de sua ingenuidade, abandonando-as quando não se prestam às suas perversas intenções. A atitude natural das ovelhas é fugir, quando se aproxima um estranho, cuja voz não conhecem. Elas sabem que estão correndo perigo. Contudo, são suficientemente espertas para não se deixarem levar por quem é ladrão e salteador.

O discípulo de Jesus não se deixa enganar. Ele sabe distinguir muito bem entre o pastor e os ladrões e salteadores. Por isso, não hesita em fugir, quando estes se aproximam.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE .) Fonte do Comentário: Dom Total ).


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9. O Mistério Pascal de Cristo (3ª parte)

Siglas:
SC – SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO BRASIL,  dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.

Para entender o Mistério Pascal de Cristo...


Fato 3

Era sábado. Airton Franco, 32 anos, vidraceiro, morador da Vila Segurança, casado com Maria Vicentina, pai de Michel e Maurício, a pedido do patrão foi levar uma encomenda de material para um freguês a 150 Km de distância. Nem deu tempo para se despedir da esposa e filhos. Numa curva fechada da estrada, a kombi derrapou... Horas depois, Airton foi encontrado morto.

Domingo, às 17h00, na igreja da comunidade, na celebração do enterro, o animador saúda a todos, solidariza-se com a família e diz: “Estamos reunidos, hoje, com o coração apertado pelo luto, mas fortalecidos pela esperança, para celebrar o Mistério Pascal de Cristo, vivido, assumido e celebrado pelo nosso companheiro Airton”.

Por  que o animador falou desse jeito?
Sim, de fato, desde menino, Airton foi um rapaz marcado pela pobreza. Morou em barracos. Foi discriminado por causa da sua cor negra. Mas sempre soube lutar. Trabalhou. Era membro ativo na comunidade, no grupo de jovens, no grupo de famílias, na associação de moradores e ainda ajudava na liturgia da comunidade. Foi um homem profundamente sensível com os doentes e pobres. Era conhecido e amado no bairro.

Airton não se deixou vencer pelas dificuldades e  opressões. Não se acomodou. Sonhou com um dia de liberdade e igualdade para todos. As palavras de Jesus, lidas na celebração de enterro, foram verdadeiras em sua vida: “Tive fome e me destes de comer; estava com frio e me  vestistes; estava doente e me visitastes...” (Mt 25, 31ss). A comunidade reunida, no final de uma tarde de  sol, despediu-se de Airton, celebrando o Mistério Pascal de Cristo realizado e acontecido em sua história de 32 anos, bem vividos porque doados pelo bem, dedicados à família, consagrados ao Deus da vida e da liberdade. Esta prática e doação foram  os marcos da vida de Jesus. Jesus continuou a sua missão na vida de Airton e Airton fez comunhão com fé em sua comunidade terrena.

Dona Maria Vicentina, viúva, cercada pelos amigos e pela comunidade, com voz grave e pausada, rezou o salmo 129, quando o caixão era fechado pelo amigos: “Eu espero em Javé... confio na tua palavra... minha alma aguarda o Senhor mais que os guardas pela aurora...”

A nossa vida nesta terra é passageira. Estamos aqui de passagem. Isto é, a nossa vida é uma permanente páscoa, passagem para o Senhor. O nosso coração aguarda, espera, busca o Senhor... Vamos encontrando o Senhor no dia-a-dia, na doação aos irmãos, na luta pela sobrevivência, na organização dos  companheiros, na solidariedade com as pessoas...

A comunidade, no enterro de Airton, celebrou mais uma vez a vitória de Jesus Cristo sobre o egoísmo, o  racismo, a divisão, a fome, a injustiça...  O Plano de Deus, anunciado e  celebrado por Jesus Cristo, foi mais forte que os planos dos  homens mentirosos e exploradores... A comunidade louvou o Pai pela sua manifestação na vida de Jesus Cristo, também, percebida e vivida por Airton.

A celebração da comunidade é sempre a celebração da memória da vida de Jesus nesta terra e sua morte, ressurreição e ascensão ao céu. Na celebração, Jesus Cristo está presente com seu projeto de resposta  ao Pai, realizado e plenificado. O Espírito Santo atua  na comunidade reunida, provoca nela os sentimentos e a proposta de Jesus. Move o coração das pessoas para que elas compreendam, assumam e  coloquem em suas vidas as respostas e as práticas de Jesus no meio desta sociedade competitiva, violenta e ferida pela  injustiça.

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Fonte:  Caderno 3 – A Celebração Dominical da Palavra na Comunidade. Em Coleção: Como animar as celebrações dominicais da Palavra. Diocese de Chapecó/SC, 2007, p. 6-8.

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