“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Liturgia da Palavra: 4 de setembro de 2016 – Domingo.

XXIII Domingo do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Creio; III Semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que crêem em Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro da Sabedoria (9,13-18):

Que homem, pois, pode conhecer os desígnios de Deus, e penetrar nas determinações do Senhor? Tímidos são os pensamentos dos mortais, e incertas as nossas concepções; porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados. Mal podemos compreender o que está sobre a terra, dificilmente encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem, portanto, pode descobrir o que se passa no céu? E quem conhece vossas intenções, se vós não lhe dais a Sabedoria, e se do mais alto dos céus vós não lhe enviais vosso Espírito Santo? Assim se tornaram direitas as veredas dos que estão na terra; os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (89/90)

Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós. 

Vós fazeis voltar ao pó todo mortal
quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”
Pois mil anos para vós são como ontem,
qual vigília de uma noite que passou.

Eles passam como o sono da manhã,
são iguais à erva verde pelos campos:
de manhã ela floresce vicejante,
mas à tarde é cortada e logo seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias
e daí ao nosso coração sabedoria!
Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?
Tende piedade e compaixão de vossos servos!

Saciai-nos de manhã com vosso amor,
e exultaremos de alegria todo o dia!
Que a bondade do Senhor e nosso Deus
repouse sobre nós e nos conduza!
Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo a Filêmon (9-10.12-17):

Caríssimo, prefiro fazer apenas um apelo à tua caridade. Eu, Paulo, idoso como estou, e agora preso por Jesus Cristo, venho suplicar-te em favor deste filho meu, que gerei na prisão, Onésimo. Torno a enviá-lo para junto de ti, e é como se fora o meu próprio coração. Quisera conservá-lo comigo, para que em teu nome ele continuasse a assistir-me nesta minha prisão pelo Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis resolver, para que tenhas ocasião de praticar o bem (em meu favor), não por imposição, mas sim de livre vontade. Se ele se apartou de ti por algum tempo, foi sem dúvida para que o pudesses reaver para sempre. Agora, não já como escravo, mas bem mais do que escravo, como irmão caríssimo, meu e sobretudo teu, tanto por interesses temporais como no Senhor. Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim.

Palavra do Senhor.

Evangelho
  
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (14,25-33):

Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: ‘Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar’”.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

OPÇÃO E RENÚNCIA

A observação feita por Jesus visava levar a multidão que o seguia a deixar de lado a exaltação ingênua e colocar os pés no chão, para evitar possíveis frustrações. A empolgação do momento podia desviar as pessoas do verdadeiro significado do gesto de colocar-se no seguimento do Mestre. Quem quisesse segui-lo, deveria estar consciente das implicações de sua opção.

A primeira exigência consistia em romper com os laços familiares, por causa do Reino, colocando, em segundo plano, o amor aos entes mais queridos. O texto bíblico fala em "odiar pai, mãe etc.". Evidentemente, a palavra "odiar" não tem o mesmo sentido que nós lhe damos, hoje. Na boca de Jesus, ela quer dizer "dar preferência ao pai, à mãe"; colocá-los acima do Reino e de suas exigências.

A segunda exigência aponta para a predisposição de aceitar todas as conseqüências decorrentes da opção pelo Reino. Isto significa "tomar a própria cruz". Não é apto para seguir Jesus quem se intimida diante das perseguições, da indiferença, das calúnias sofridas por causa de seu testemunho de vida. Só quem é suficientemente forte para enfrentá-las, está em condições de se tornar seguidor de Jesus.
Portanto, a opção por se tornar seu discípulo funda-se numa dupla disposição para a liberdade: diante dos laços de parentesco e diante da cruz que se há de encontrar nesse seguimento.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
 Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total



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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Liturgia da Palavra: 28 de agosto de 2016 – Domingo.


XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM
(Cor verde, Glória, Creio; II Semana do Saltério)

Oração do dia

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Eclesiástico (3,19-21.30-31):

Meu filho, faze o que fazes com doçura, e mais do que a estima dos homens, ganharás o afeto deles. Quanto mais fores elevado, mais te humilharás em tudo, e perante Deus acharás misericórdia; porque só a Deus pertence a onipotência, e é pelos humildes que ele é (verdadeiramente) honrado.
Não procures o que é elevado demais para ti; não procures penetrar o que está acima de ti. Mas pensa sempre no que Deus te ordenou. Não tenhas a curiosidade de conhecer um número elevado demais de suas obras, pois não é preciso que vejas com teus olhos os seus segredos.
Acautela-te de uma busca exagerada de coisas inúteis, e de uma curiosidade excessiva nas numerosas obras de Deus, pois a ti foram reveladas muitas coisas, que ultrapassam o alcance do espírito humano.
Muitos foram enganados pelas próprias opiniões. Seu sentido os reteve na vaidade. O coração empedernido acabará por ser infeliz. Quem ama o perigo nele perecerá. O coração de caminhos tortuosos não triunfará, e a alma corrompida neles achará ocasião de queda.
O coração perverso ficará acabrunhado de tristeza, e o pecador ajuntará pecado sobre pecado. Não há nenhuma cura para a assembléia dos soberbos, pois, sem que o saibam, o caule do pecado se enraíza neles. O coração do sábio se manifesta pela sua sabedoria; o bom ouvido ouve a sabedoria com ardente avidez.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (67/68)

Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.

Os justos se alegram na presença do Senhor,
rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!
Cantai a Deus, a Deus louvai,
cantai um salmo a seu nome!
O seu nome é Senhor: exultai diante dele!

Dos órfãos ele é pai e das viúvas protetor:
é assim o nosso Deus em sua santa habitação.
é o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados,
quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.

Derramastes lá do alto uma chuva generosa,
e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes;
e ali vosso rebanho encontrou sua morada;
com carinho preparastes essa terra para o pobre.

II   Leitura

Leitura da carta aos Hebreus  (12,18-19.22-24):

Em verdade, não vos aproximastes de uma montanha palpável, invadida por fogo violento, nuvem, trevas, tempestade, som da trombeta e aquela voz tão terrível que os que a ouviram suplicaram que ela não lhes falasse mais.
Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloqüência que o sangue de Abel.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (14,1.7-14):

Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola: “Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, e vindo o que te convidou, te diga: ‘Cede o lugar a este’. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, passa mais para cima’. Então serás honrado na presença de todos os convivas. Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado”.
Dizia igualmente ao que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

A PRIMAZIA DOS EXCLUÍDOS 

Os excluídos e deserdados estiveram sempre no centro das atenções de Jesus. Este aproveitava todas as oportunidades para dispor os discípulos a acolhê-los e mostrar-se solícitos para com eles, diferentemente do comportamento típico da época.

A refeição na casa do fariseu ofereceu-lhe uma ocasião favorável para isto. Em geral, convida-se para uma ceia, em família, os próprios familiares, as pessoas às quais se quer bem, ou alguém de uma certa importância. Existe quem se preocupa em convidar os ricos, com o intuito de receber também um convite, em contrapartida.

Quiçá fosse esta a mentalidade do chefe dos fariseus, pois é a ele que Jesus dirige a advertência de romper com este esquema. Como? Chamando para o banquete os pobres, estropeados, coxos e cegos. Em suma, os desprezados deste mundo, dos quais seria impossível esperar algo como recompensa. Isto sim, seria a expressão da mais absoluta pureza de coração, característica de quem o tem centrado em Deus. Seria um ato de amor misericordioso, próprio de quem não se deixa escravizar pelo egoísmo.

Tal gesto de bondade não passa despercebido aos olhos do Pai. Por ocasião da ressurreição, quem agiu assim receberá a recompensa devida. Diz o provérbio bíblico: "Quem dá aos pobres, empresta a Deus". Pois bem, quem se mostra generoso com os excluídos deste mundo, pode estar seguro de estar atraindo sobre si a misericórdia divina.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.) In: Dom Total


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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Liturgia da Palavra: 21 de agosto de 2016 – Domingo.

Assunção de Nossa Senhora
(Cor branca, Glória, Creio, Prefácio próprio; Ofício da solenidade)


Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu, em corpo e alma, a imaculada virgem Maria, mãe do vosso filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do Apocalipse (11,19;12,1.3-6.10):

Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.
Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono. A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias. Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (44/45)

À vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.

As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
e à vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.

Escutai, minha filha, olhai, ouvi, isto:
“Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!

Entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real”.

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios (15,20-27):

Irmãos, Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda. Depois, virá o fim, quando entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés. Mas, quando ele disser que tudo lhe está sujeito, claro é que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (1,39-56):

Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”
E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.
Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa”.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

O SENHOR FEZ GRANDES COISAS

A fé eclesial, contemplando Maria a partir do Mistério Pascal de Jesus, professa que ela, no término de sua caminha terrestre, foi elevada ao céu. A Igreja fala em assunção, ou seja, Maria foi assumida por Deus e colocada na glória celeste. Trata-se da ação de Deus fazendo grandes coisas na vida da mãe do Salvador. Não uma ação isolada, e sim, o ápice de uma sucessão de graças na vida de quem foi cheia de graça.

A assunção de Maria brotou da Ressurreição de Jesus. É como se Maria tivesse seguido o caminho novo de acesso ao Pai, aberto pelo Filho Jesus. Deus, de certo modo, antecipou em Maria o que haveria de ser o destino de toda a humanidade. A Ressurreição de Jesus foi penhor de ressurreição para todo ser humano. Em Maria, isto já se fez realidade.

A assunção situa-se no contexto da fé de Maria. Ela havia proclamado que Deus exalta os humildes e destrói a segurança dos soberbos. Sua vida caracterizou-se pela humildade e pelo espírito de serviço. Ela se sabia serva humilde do Senhor, transcorrendo sua vida no escondimento.  A condição de mãe do Messias não a tornou orgulhosa e cheia de si. A Maria exaltada na assunção foi a mulher humilde e servidora. Deus levou para junto de si a mulher cuja vida transcorrera em total comunhão com ele. A assunção, por conseguinte, consistiu na radicalização de uma experiência constante na vida de Maria.
  

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
 Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total


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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Liturgia da Palavra: 14 de agosto de 2016 – Domingo.


XX semana do Tempo Comum
(Cor verde, Glória, Credo, IV semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas, que superam todo desejo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro profeta Jeremias (38, 4-6.8-10):

Os altos funcionários disseram ao rei: “Manda, por favor, matar esse indivíduo! Fa­lando assim ele está abatendo o ânimo dos sol­dados que ainda restam na cidade, do exér­cito inteiro. Esse homem não procura a fe­li­cidade mas a desgraça do povo. O rei Se­de­cias respondeu: “Ele está nas vossas mãos, pois o rei nada pode contra vós”. Pegaram, en­tão, Jeremias e o abandonaram na cisterna do comissário Melquias, que ficava no pátio da guarda. Com uma corda deixaram Jeremias dentro da cisterna. A cisterna não tinha água, só barro. Jeremias ficou atolado no barro. Ebed-Melec saiu do pa­lácio para dizer ao rei: Majestade, essas pessoas agiram muito mal contra o profeta Jeremias, jogando-o naquela cisterna. Ali ele vai morrer de fome, pois já não há mais pão na ci­dade”. O rei deu ao etíope Ebed-Melec esta ordem: “Leva contigo três homens e tira o pro­feta Jeremias da cisterna, antes que ele morra!”

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (39/40)

Socorrei-me, ó Senhor,
vinde logo em meu auxílio!

Esperando, esperei no Senhor,
E, inclinando-se, ouviu meu clamor.

Retirou-me da cova da morte
E de um charco de lodo e de lama.
Colocou os meus pés sobre a rocha,
Devolveu a firmeza a meus passos.

Canto novo ele pôs em meus lábios,
Um poema em louvor ao Senhor.
Muitos vejam, respeitem, adorem
E esperem em Deus, confiantes.

Eu sou pobre, infeliz, desvalido,
Porém guarda o Senhor a minha vida
E por mim se desdobra em carinho.
Vós me sois salvação e auxílio:
Vinde logo, Senhor, não tardeis!

II   Leitura

Leitura da carta de aos Hebreus (12,1-4):

Portanto, com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva à perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensai pois naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue, na vossa luta contra o pecado.

Palavra do Senhor.

Evangelho
  
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas  (12,49-53):

Naquele tempo, disse Jesus: “Fogo eu vim lançar sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! Um batismo eu devo receber, e como estou ansioso até que isto se cumpra! Pensais que eu vim trazer a paz à terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão. Pois daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; ficarão divididos: pai contra filho e filho contra pai; mãe contra filha e filha contra mãe; sogra conta nora e nora contra sogra”.

Palavra da salvação.


Comentário ao Evangelho

JULGAR O QUE É JUSTO

As rupturas criadas no seio da humanidade pela pregação de Jesus põem em alerta o discípulo do Reino. Por um lado, torna-se esgotante levar adiante uma luta infindável contra as forças do anti-Reino, muitas vezes, sem se perceber resultados concretos. E isso, parece inútil. Por outro, desiludido, pode o discípulo deixar-se encantar pelos valores do anti-Reino e ser levado a romper com o Reino.

A opção pelo Reino lança-o num verdadeiro campo de batalha. E sua opção é posta à prova. Como adversários, pode encontrar até mesmo os familiares mais caros. Não seria preferível buscar a via da conciliação, à custa de abrir mão do projeto do Reino? Até quando estaria o discípulo em condições de suportar o confronto entre o amor familiar e as exigências do Reino, quando não existe coincidência entre ambos?

Daí a necessidade de julgar o que é justo e mais conveniente. A questão crucial consiste em saber quais são os critérios para se fazer este julgamento. Se a verdade, a justiça e os demais valores do Reino têm prioridade na vida do discípulo, este será capaz de opor-se às exigências familiares, quando forem contrários àqueles valores. Caso contrário, seu julgamento será incorreto, e não corresponderá ao querer divino. Em outras palavras, terá renunciado a ser discípulo de Jesus.
 

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta,
 Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). In: Dom Total


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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Liturgia da Palavra: 7 de agosto de 2016 – Domingo.


XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM 
(Cor verde, Glória, Creio; III Semana do Saltério)

Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro da Sabedoria (18,6-9):

Esta mesma noite tinha sido conhecida de antemão por nossos pais, para que, conhecendo bem em que juramentos confiavam, ficassem cheios de coragem.  Assim vosso povo esperava tanto a salvação dos justos como a perdição dos ímpios, e pelo mesmo fato de terdes destruído nossos inimigos, vós nos convidastes a ser vossos e nos honrastes. Por isso, os santos filhos dos justos ofereciam secretamente um sacrifício; de comum acordo estabeleciam o pacto divino: que os santos participariam dos mesmos bens e correriam os mesmos perigos; e entoavam já os hinos de seus pais.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial (32/33)

Feliz o povo que o Senhor escolheu
 por sua herança! 

Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorifica-lo.
Feliz o povo cujo Deus é o Senhor
e a nação que escolheu por sua herança!

Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!

II   Leitura

Leitura da carta aos Hebreus  (11,1-2.8-19):

A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados. Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia. Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus. Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de conceber, apesar de sua idade avançada, porque acreditou na fidelidade daquele que lhe havia prometido.
Assim, de um só homem quase morto nasceu uma “posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia da praia do mar”. Foi na fé que todos (nossos pais) morreram. Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido, viram-no e o saudaram de longe, “confessando que eram só estrangeiros e peregrinos sobre a terra”. Dizendo isto, declaravam que buscavam uma pátria. E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela... Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus não se dedigna de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes preparou uma cidade.
Foi pela sua fé que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único filho, depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: “Uma posteridade com o teu nome te será dada em Isaac”. Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos. Assim, ele conseguiu que seu filho lhe fosse devolvido. E isso é um ensinamento para nós!

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (12,32-48):

Disse Jesus: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino. Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos! Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem”.
Disse-lhe Pedro: “Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?” O Senhor replicou: “Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo?  Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor tardará a vir’, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis.
O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir”.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

CONVITE A PERMANECER ALERTA 

A longa espera do Senhor poderia ter como efeito, no coração do discípulo, a lassidão. E, com ela, o risco de agir em total desconformidade com o projeto do Reino. Daí a importância da exortação de Jesus.

A maneira conveniente de esperar o Senhor consiste em desapegar-se dos bens deste mundo, buscando apenas o tesouro inesgotável no céu, que está a salvo da ação dos ladrões e das traças. A maneira prática de desfazer-se das coisas desnecessárias, às quais o coração se apega, resume-se em vendê-las e dá-las aos pobres.

O Evangelho alerta para o risco da posse avarenta de bens. Agindo assim, o discípulo desloca o centro de seus interesses do Reino para os bens materiais. E, com isso, torna-se despreparado para o encontro com o Senhor. Seu coração não estará no Reino, e sim nos bens acumulados. É atitude insensata de quem desconhece a hora em que virá o Senhor.

O discípulo que permanece de prontidão predispõe-se para encontrar o Senhor, qualquer que seja a hora em que ele chegue. Quem age assim, é chamado de "bem-aventurado", pois experimentará a alegria de ser acolhido pelo Senhor que vem. Por conseguinte, nada de se deixar seduzir pelas riquezas, a ponto de se esquecer desse encontro com ele.




(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, 
Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.) In: Dom Total



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