“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Liturgia da Palavra – 04 de maio de 2014 - Domingo.


III DOMINGO DA PÁSCOA 
(Cor branca, Gória, Creio – III semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus, que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura dos Atos dos Apóstolos (2,14.22-23):

Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: “Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras.
Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis, depois de ter sido entregue, segundo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de ímpios.
Mas Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porque não era possível que ela o retivesse em seu poder.  Pois dele diz Davi: ‘Eu via sempre o Senhor perto de mim, pois ele está à minha direita, para que eu não seja abalado.  Alegrou-se por isso o meu coração e a minha língua exultou. Sim, também a minha carne repousará na esperança,  pois não deixarás a minha alma na região dos mortos, nem permitirás que o teu santo conheça a corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria com a visão de tua face’. 
Irmãos, seja permitido dizer-vos com franqueza: do patriarca Davi dizemos que morreu e foi sepultado, e o seu sepulcro está entre nós até o dia de hoje.  Mas ele era profeta e sabia que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes seria colocado no seu trono. 
É, portanto, a ressurreição de Cristo que ele previu e anunciou por estas palavras: ‘Ele não foi abandonado na região dos mortos, e sua carne não conheceu a corrupção’. 
A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas.  Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis".

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (15/16)

Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto de vós felicidade sem limites!


Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Digo ao Senhor: “Somente vós sois meu Senhor:
nenhum bem eu posso achar fora de vós!”
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!

Eu bendigo o Senhor, que aconselha
e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.

Eis por que meu coração está em festa,
minha alma rejubila de alegria
e até meu corpo no repouso está tranqüilo;
pois não haveis de me deixar entregue à morte
nem vosso amigo conhecer a corrupção.

Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Pedro (1,17-21):

Carríssimos, se invocais como Pai aquele que, sem distinção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor durante o tempo da vossa peregrinação. 
Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo,  o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo  e que nos últimos tempos foi manifestado por amor de vós. 
Por ele tendes fé em Deus, que o ressuscitou dos mortos e glorificou, a fim de que vossa fé e vossa esperança se fixem em Deus.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (24,13-35): 

Naquele tempo, o primeiro da semana, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. 
Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?"  Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?" Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré. Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.  Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.  Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;  e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.  Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram".
Jesus lhes disse: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!  Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?"  E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. 
Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.  Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia". Entrou então com eles.  Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram. Mas ele desapareceu. 
Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam. 
Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão". Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

A FRUSTRAÇÃO SUPERADA

A crucifixão de Jesus foi um duro golpe para a comunidade cristã. Com ela, vieram abaixo os projetos de libertação, carinhosamente acalentados pelos discípulos.
As palavras e as ações do Mestre pareciam dignas de fé. Seu modo de ser tinha algo de especial, bem diferente do que até então se tinha visto. Sua morte na cruz, no entanto, deixou, nos discípulos, o sabor da frustração e da desilusão!

Foi preciso que o Ressuscitado os chamasse à realidade. Eles não estavam dispensados da missão. Por conseguinte, não havia motivo para se dispersarem e voltarem para sua cidade de origem, uma vez que tinham, diante de si, um mundo a ser evangelizado. Era insensato cultivar sentimentos de morte, quando a vida já havia despontado e se fazia presente no Ressuscitado. Por que fixar-se no aspecto negativo da vida, já que a realidade vai muito além?

Os discípulos de Emaús retratam os cristãos desiludidos de todos os tempos, uma vez que não acreditam na possibilidade de se criar um mundo fraterno. São os pessimistas, centrados em si mesmos, incapazes de projetar-se para além dos próprios horizontes. Ou seja, são cristãos nos quais a ressurreição ainda não produziu frutos.
Só a descoberta do Ressuscitado permite ao cristão superar os reveses da vida. Aí então, ele se dará conta de que, apesar da cruz, vale a pena somar esforços para construir o Reino.


(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE. Fonte do Comentário: Dom Total )



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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Liturgia da Palavra: 27 de Abril de 2014.

II Domingo da Páscoa

(Cor branca, Glória, Creio, Prefácio da Páscoa I – II Semana do Saltério)

Oração do dia

Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura
Leitura dos Atos dos Apóstolos (2,42-47):

Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações.  De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. 
Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum.  Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. 
Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração,  louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (117/118)

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom;
“Eterna é a sua misericórdia!”


A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Aarão agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”
Os que temem o Senhor agora o digam:
“Eterna é a sua misericórdia!”

Empurraram-me, tentando derrubar,
mas veio o Senhor em meu socorro.
O Senhor é minha força e o meu canto
e tornou-se para mim o salvador.
“Clamores de alegria e de vitória
Ressoem pelas tendas dos fiéis”.

“A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular”.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Este é o dia que o Senhor fez para nós,
alegremo-nos e nele exultemos!

II   Leitura

Leitura da primeira carta de são Pedro (1,3-9):

Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança,  para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos.
É isto o que constitui a vossa alegria, apesar das aflições passageiras a vos serem causadas ainda por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé (mais preciosa que o ouro perecível, o qual, entretanto, não deixamos de provar ao fogo) redunde para vosso louvor, para vossa honra e para vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar.
Este Jesus vós o amais, sem o terdes visto; credes nele, sem o verdes ainda, e isto é para vós a fonte de uma alegria inefável e gloriosa,  porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a salvação de vossas almas.

Palavra do Senhor.

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João(20,19-31):

Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: "A paz esteja convosco"! Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.  Disse-lhes outra vez: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós".  Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: "Recebei o Espírito Santo.  Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos".
 Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.  Os outros discípulos disseram-lhe: "Vimos o Senhor". Mas ele replicou-lhes: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei"! 
Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: "A paz esteja convosco"!  Depois disse a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé". 
Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!" Disse-lhe Jesus: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!"  

Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro.  Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Palavra da Salvação.



Comentário ao Evangelho

CRER SEM VER

A bem-aventurança de crer no Senhor Ressuscitado, sem tê-lo visto, diz respeito a todos os cristãos. Neste caso, o pré-requisito para se tornar bem-aventurado consiste em dar crédito ao testemunho de quem "viu" o Senhor, e anunciou que ele está vivo. A tradição cristã, ao longo dos séculos, foi se formando a partir do testemunho dos primeiros cristãos. Estes saíram pelo mundo inteiro para anunciar que o Senhor ressuscitou, testemunhando o fato, não só com palavras, mas também com a vida. O testemunho de fé - palavra e vida - da comunidade é a única forma de ter acesso ao Senhor. Só por este caminho é que se chega a Jesus.

Como conseqüência, cada cristão deve estar convicto de que é mediação da experiência do Ressuscitado, para todas as pessoas com quem se defronta. Quando o cristão, realmente, assimila a dinâmica da ressurreição, e a deixa transformar sua vida, torna-se uma prova convincente de que o Senhor está vivo, e sua presença tem a força de mudar, radicalmente, a vida de quem o acolhe. Este é o testemunho que atrairá muitas pessoas para a fé.

Assim, embora não vejamos Jesus ressuscitado com os nossos olhos, é possível acolhê-lo na fé, e testemunhar que ele, de fato, está no meio de nós.



(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE). Fonte: Dom Total 

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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Liturgia da Palavra: PÁSCOA - Dia 20 de abril – Domingo.

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO 

(Cor branca, Glória, Sequência, Creio, Prefácio da Páscoa I – I semana do Saltério)


Oração do dia

Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos (10,34.37-43):

Então Pedro tomou a palavra e disse: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas,  Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou.  Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. 
 E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro.  Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse,  não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou. 
Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos.  Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome”. 

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (117/118)

Este é o dia que o Senhor fez para nós:
alegremo-nos e nele exultemos!


Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
“Eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”

A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou.
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei
para cantar as grandes obras do Senhor!

A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!
II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses (3,1-4):  

Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 
Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra.  Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.  Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória. 

Palavra do Senhor.

Seqüência

Cantai, cristãos, afinal: “Salve ó vítima Pascal!”
Cordeiro inocente, o Cristo abriu-nos do Pai o aprisco.
Por toda ovelha imolado, do mundo lava o pecado.
Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte.
O rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria: no teu caminho o que havia?
“Vi Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado.
Os anjos da cor do sol, dobrado ao chão o lençol.
O Cristo, que leva aos céus, caminha à frente dos seus!”
Ressuscitou de verdade.
Ó rei, ó Cristo, piedade!

Evangelho

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (20,1-9):

 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” 
Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.  Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 
Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 


Palavra da Salvação.


Comentário ao Evangelho

O SEPULCRO VAZIO

Os discípulos começaram a se dar conta da ressurreição do Senhor, ao se depararem com o sepulcro vazio. Maria Madalena, alarmada, pensou que o corpo de Jesus tivesse sido retirado, à surdina, e colocado num outro lugar. Pedro, tendo acorrido para se inteirar dos fatos, apenas constatou onde estavam o lençol e os demais panos com que Jesus havia sido envolvido. O discípulo amado, este sim, começou a perceber que algo de muito extraordinário havia acontecido. Por isso, foi capaz de passar da constatação do sepulcro vazio à fé: "Ele viu e acreditou".

O sepulcro vazio, por si só, não podia servir de prova para a ressurreição do Senhor. Seria sempre possível acusar os cristãos de fraude. Poderiam ter dado sumiço ao cadáver de Jesus, e sair dizendo que ele ressuscitara. Era preciso ir além e descobrir, de fato, onde estava o corpo do Mestre. 

O discípulo amado, de imediato, cultivou a esperança de encontrar-se com o Senhor. Sua fé consistiu na certeza de que o Mestre estava vivo, não no sepulcro, porque ali não era o seu lugar. Senhor da vida, não poderia ter sido derrotado pela morte. Filho amado do Pai, as forças do mal não poderiam prevalecer sobre ele. Embora sem ter chegado ao pleno conhecimento do fato, a fé na ressurreição despontava no coração do discípulo amado.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE. Fonte: Dom Total)


quarta-feira, 9 de abril de 2014

8. O Mistério Pascal de Cristo (2ª parte)

Siglas:
SC – SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO BRASIL,  dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.

Para entender o Mistério Pascal de Cristo...

(continuação)
Fato 2

Gabriela é uma animadora de comunidade. Agricultora, casada com Edilberto, mãe de cinco filhos, tem dificuldade em manter a paz entre os filhos. Os produtos da terra não valem nada. “O governo, mais uma vez, fechou os olhos para os pobres”,  comenta dona Gabriela com os vizinhos.

No início do ano, era tempo de eleições no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. A diretoria, nos últimos anos, não vinha fazendo nada. Suspeitava-se, inclusive, de corrupção. O presidente foi cabo eleitoral do atual prefeito. Diante da situação do sindicato, algumas comunidades resolveram reagir e colocar como candidatos pessoas  ligadas ao trabalho da terra. Começou a campanha. Vários encontros foram feitos nas comunidades para se estudar o sentido e a importancia da existência de um sindicato. A movimentação foi grande.

Passados dois meses, chegou o dia da  votação. Duas chapas estavam concorrendo. Tudo indicava que Júlio Krieger, candidato das comunidades, venceria facilmente o  pleito. Mas, na contagem final dos votos, a chapa da situação venceu por larga margem de votos. Ninguém souber explicar o que tinha acontecido.

O que esta participação da  dona Gabriela e das comunidades na campanha do sindicato tem a ver com o Mistério Pascal de Cristo e a sua celebração?

A campanha exigiu muito trabalho, reuniões, estudo, visitas,  longas conversas. Trouxe descontentamento. Despertou crítica. Exigiu sacrifício e muita força de vontade. O pessoal da chapa de oposição tinha um projeto claro de mudança. Queria mais participação e mais união. Sonhava com um sindicato forte e organizado para defender o agricultor e melhorar as  suas condições de vida através de várias iniciativas.

Jesus Cristo veio revelar o Plano de Deus Pai que criou este mundo para todos. Colocou-se do lado dos pobres e dos excluídos dos bens e das riquezas do mundo. Quis organizá-los e uní-los. Fez ver que a  luta pela  justiça e pela vida, em nome de Deus, é o conteúdo da religião, da fé e da celebração.

A comunidade, quando se reúne para celebrar, faz o encontro com este Jesus que veio ensinar como viver a vida  e a lutar pela fraternidade e pelo pão nosso de cada dia. Toda celebração sela a aliança com o Plano de Deus, renova o compromisso de lutar com Jesus pela mudança da sociedade egoísta e concentradora das riquezas e pela  mudança de associações, sindicatos e partidos acomodados, “pelegos” e viciados. Se a comunidade não assume a participação concreta na transformação das estruturas, das instituições, da política, das associações em favor da vida para todos, a sua celebração estará incompleta ou até incoerente e pouco verdadeira.

É claro que a celebração da comunidade não  é reunião de sindicato nem lugar de se fazer propaganda ou conscientização política. A celebração comporta uma reunião da comunidade para conhecer e  celebrar o Plano de Deus e a sua salvação. Mas o compromisso celebrado na liturgia implica ser  fermento, luz e sal no processo de mudança das estruturas e sindicatos...

O desígnio-plano-vontade de  Deus, que  quer seus filhos vivendo na liberdade, na partilha e na justiça,  é celebrado na liturgia e vivido no dia-a-dia. A celebração e o compromisso com o Plano de Deus são atos de fé e aliança da mesma pessoa para  com o seu Deus.


Fato 3 (...)
Continua....
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Fonte:  Caderno 3 – O Mistério Pascal de Cristo. Em Coleção: Como animar as celebrações dominicais da Palavra. Diocese de Chapecó/SC, 2007, p. 5-6.

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Liturgia da Palavra - 13 de abril de 2014 – Domingo de Ramos.


Domingo de Ramos e Paixão do Senhor 

(Cor vermelha, Creio, Prefácio próprio – II semana do Saltério)


Oração do dia

Deus eterno de todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I   Leitura

Leitura do livro do profeta Isaías (50,4-7): 

O Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo; (o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei. 
Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros.
Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado.

Palavra do Senhor.

Salmo responsorial (21/22)

Meus Deus, me Deus, por que me abandonastes?

Riem de mim todos aqueles que me vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
e eu posso contar todos os meus ossos.

Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o, toda a raça de Israel!

II   Leitura

Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses (2,6-11):

Jesus Cristo, sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,  mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.  E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 
Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes,  para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.

Palavra do Senhor.

Evangelho

N = Narrador
L = Leitor
P = Presidente
G = Grupo 

N (Narrador): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus (27,11-54):

- Naquele tempo, Jesus compareceu diante do governador, que o interrogou:
L (Leitor): És o rei dos judeus?
P (Presidente): Sim.
N: Respondeu-lhe Jesus. 
Ele, porém, nada respondia às acusações dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos. 
Perguntou-lhe Pilatos:
L: Não ouves todos os testemunhos que levantam contra ti?
N: 14 Mas, para grande admiração do governador, não quis responder a nenhuma acusação. 
Era costume que o governador soltasse um preso a pedido do povo em cada festa de Páscoa. 
Ora, havia naquela ocasião um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
Pilatos dirigiu-se ao povo reunido:
L: Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?
N: (Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja.)
Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer:
L: Nada faças a esse justo. Fui hoje atormentada por um sonho que lhe diz respeito. 
N: Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse a libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus. 
O governador tomou então a palavra:
L: Qual dos dois quereis que eu vos solte?
N: Responderam:
G (Grupo): Barrabás! 
N: Pilatos perguntou:
L: Que farei então de Jesus, que é chamado o Cristo?
N: Todos responderam:
G: Seja crucificado! 
N: O governador tornou a perguntar:
L: Mas que mal fez ele?
N: E gritavam ainda mais forte:
G: Seja crucificado! 
N: Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse:
L: Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco! 
N: E todo o povo respondeu:
G: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
N: Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado. 

Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e rodearam-no com todo o pelotão. Arrancaram-lhe as vestes e colocaram-lhe um manto escarlate.  Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e puseram-lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante dele, diziam com escárnio:
G: Salve, rei dos judeus! 
N: Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça.
Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes. Em seguida, levaram-no para o crucificar. 
Saindo, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus. Chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é, lugar do crânio. Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber. 
Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando a sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram a sorte.
Sentaram-se e montaram guarda. Por cima de sua cabeça penduraram um escrito trazendo o motivo de sua crucificação: Este é Jesus, o rei dos judeus. 
Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. 
Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: 
G: Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz! 
N: Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele: 
G: Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele! Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!
E os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam. 
Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas.  Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte:
P: Eli, Eli, lammá sabactáni?
N: O que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam:
G: Ele chama por Elias. 
N: Imediatamente um deles tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-lha na ponta de uma vara para que bebesse. 
Os outros diziam:
G: Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-lo. 
N: Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou a alma. 

(Todos se ajoelham num momento de silêncio).

E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas. 
Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram.
Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas. 
O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor:
G: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!

N: Palavra da Salvação.




Comentário ao Evangelho

A MORTE DE CRUZ

A morte de cruz correspondeu ao ponto mais baixo e ao ponto mais alto do projeto messiânico de Jesus e de sua relação com os que escolhera para estar com ele. Os discípulos, de qualquer tempo e lugar, ver-se-ão confrontados com ela. Será inútil querer desviar-se dela.

A morte de cruz reduziu Jesus à condição de maldito de Deus. As próprias Escrituras consideravam maldição a morte por enforcamento e, por extensão, por crucificação. Paulo dirá que Jesus se fez maldição para nos libertar. 

Poderiam os discípulos esperar algo de um Mestre suspenso na cruz? Onde ficava seu projeto de Reino? Como entender tudo quanto fizera e ensinara, se era maldito de Deus? Por conseguinte, a cruz despontou como sinônimo de fracasso.

O reverso da moeda revela uma realidade bem diversa. A cruz foi a prova definitiva da mais absoluta fidelidade de Jesus ao Pai. Tentado das mais variadas maneiras a trilhar um caminho diferente, manteve-se fiel ao projeto divino, mesmo à custa da própria vida. Quando se tratou de optar entre a fidelidade ao Pai, com todas as suas conseqüências, e as tentações de um messianismo mundano, carregado de glória e de reconhecimento, Jesus não teve dúvidas: optou pela fidelidade. Sua morte estava em perfeita consonância com a sua vida.

A morte de cruz, lida nesta perspectiva, dá um sentido novo à vida de Jesus. O fracasso receberá o nome de fidelidade, e a impotência chamar-se-á liberdade.


(O comentário - Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE Fonte: Dom Total
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