“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

quarta-feira, 9 de abril de 2014

8. O Mistério Pascal de Cristo (2ª parte)

Siglas:
SC – SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO BRASIL,  dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.

Para entender o Mistério Pascal de Cristo...

(continuação)
Fato 2

Gabriela é uma animadora de comunidade. Agricultora, casada com Edilberto, mãe de cinco filhos, tem dificuldade em manter a paz entre os filhos. Os produtos da terra não valem nada. “O governo, mais uma vez, fechou os olhos para os pobres”,  comenta dona Gabriela com os vizinhos.

No início do ano, era tempo de eleições no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. A diretoria, nos últimos anos, não vinha fazendo nada. Suspeitava-se, inclusive, de corrupção. O presidente foi cabo eleitoral do atual prefeito. Diante da situação do sindicato, algumas comunidades resolveram reagir e colocar como candidatos pessoas  ligadas ao trabalho da terra. Começou a campanha. Vários encontros foram feitos nas comunidades para se estudar o sentido e a importancia da existência de um sindicato. A movimentação foi grande.

Passados dois meses, chegou o dia da  votação. Duas chapas estavam concorrendo. Tudo indicava que Júlio Krieger, candidato das comunidades, venceria facilmente o  pleito. Mas, na contagem final dos votos, a chapa da situação venceu por larga margem de votos. Ninguém souber explicar o que tinha acontecido.

O que esta participação da  dona Gabriela e das comunidades na campanha do sindicato tem a ver com o Mistério Pascal de Cristo e a sua celebração?

A campanha exigiu muito trabalho, reuniões, estudo, visitas,  longas conversas. Trouxe descontentamento. Despertou crítica. Exigiu sacrifício e muita força de vontade. O pessoal da chapa de oposição tinha um projeto claro de mudança. Queria mais participação e mais união. Sonhava com um sindicato forte e organizado para defender o agricultor e melhorar as  suas condições de vida através de várias iniciativas.

Jesus Cristo veio revelar o Plano de Deus Pai que criou este mundo para todos. Colocou-se do lado dos pobres e dos excluídos dos bens e das riquezas do mundo. Quis organizá-los e uní-los. Fez ver que a  luta pela  justiça e pela vida, em nome de Deus, é o conteúdo da religião, da fé e da celebração.

A comunidade, quando se reúne para celebrar, faz o encontro com este Jesus que veio ensinar como viver a vida  e a lutar pela fraternidade e pelo pão nosso de cada dia. Toda celebração sela a aliança com o Plano de Deus, renova o compromisso de lutar com Jesus pela mudança da sociedade egoísta e concentradora das riquezas e pela  mudança de associações, sindicatos e partidos acomodados, “pelegos” e viciados. Se a comunidade não assume a participação concreta na transformação das estruturas, das instituições, da política, das associações em favor da vida para todos, a sua celebração estará incompleta ou até incoerente e pouco verdadeira.

É claro que a celebração da comunidade não  é reunião de sindicato nem lugar de se fazer propaganda ou conscientização política. A celebração comporta uma reunião da comunidade para conhecer e  celebrar o Plano de Deus e a sua salvação. Mas o compromisso celebrado na liturgia implica ser  fermento, luz e sal no processo de mudança das estruturas e sindicatos...

O desígnio-plano-vontade de  Deus, que  quer seus filhos vivendo na liberdade, na partilha e na justiça,  é celebrado na liturgia e vivido no dia-a-dia. A celebração e o compromisso com o Plano de Deus são atos de fé e aliança da mesma pessoa para  com o seu Deus.


Fato 3 (...)
Continua....
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Fonte:  Caderno 3 – O Mistério Pascal de Cristo. Em Coleção: Como animar as celebrações dominicais da Palavra. Diocese de Chapecó/SC, 2007, p. 5-6.

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