“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

terça-feira, 9 de abril de 2013

1. A alegria da esperança (reflexão pascal)



Autoria: François X. N. Van Thuan¹


1.

Em meio aos ciprestes e às figueiras, com o  perfume das  primeiras flores da primavera, o Sol se despede de mais um dia. Sobra uma amena e suave brisa. Dois homens apressam o passo rumo a Emaús, um povoado que dista cerca de 11 km de Jerusalém. Estão profundamente tristes (cf. Lc 24, 13-25).
Os seus sentimentos e suas vicissitudes fazem-nos pensar em nossa caminhada, nessa  época histórica da Igreja.

No caminho de Emaús

Como os dois discípulos que estavam tristes e diziam: “Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel; mas...” Humanamente falando, muitas vezes, a Igreja sente-se cansada, triste, desiludida com a situação do mundo de hoje, descrita aqui (nesta) meditação.

É a desilusão de uma Igreja apoiada em esperanças sem retorno.
Jesus, que os discípulos julgam ser um  peregrino, explica-lhes as Sagradas Escrituras, iniciando por Moisés e  prosseguindo com os profetas, para lhes fazer entender uma verdade enigmática: “Não era preciso que Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?”

Cristo, o Crucificado-Ressuscitado, por meio de sua manifestação aos discípulos de Emaús, revela-nos claramente que  o mistério da morte e da vida, a cruz e a ressurreição são a chave para compreendermos as Sagradas Escrituras e, por meio destas, a vida da Igreja. A nossa esperança não terá consistência alguma se não for baseada na Palavra de Deus, no mistério da Cruz e da Páscoa gloriosa de Cristo.

Cristo se faz presente na sua  Igreja quando se lêem as Sagradas Escrituras. A sua companhia aos discípulos, o caminho percorrido com eles indica a inefável certeza de sua  presença em meio a nós ao longo da história, como luz que ilumina  e fogo que aquece os corações.

No momentoi da fração do pão – um gesto que certamente despertou a consciência doa  dois discípulos -, eles abriram os olhos e reconheceram Jesus.  Somente com os olhos da fé a Igreja pode reconhecer Jesus.
Ele ofereceu aos dois discípulos o pão eucarístico e com isso entrou em seus corações. Jesus não estava apenas diante deles, em meio a eles, mas estava neles: uma presença amorosa, capaz de mudar suas vidas.
Na estrada de Emaús os discípulos nos indicam o caminho a seguir: com a Eucaristia, a Palavra de Deus, o Mistério da Cruz, a Igreja pode avançar com humildade e alegria em sua caminhada, sempre sustentada pela presença do Salvador.
(Do livro Testemunhas da Esperança, de François X. N. Van Thuan, São Paulo 2002, Ed. Cidade 
 Nova, p.223-224.)
Continua...
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¹ François Xavier Nguyen Van Thuan (nasc. Em 1923, em Hue, no Vietnã). Ordenado padre em 1953, formou-se em Direito Canônico, em Roma, em 1959. Foi bispo de Nhu Trang, de 1967 a 1975. Durante regime comunista, no seu país, estava  preso de 1975 a 1988. Libertado da  prisão foi chamado a Roma pelo Papa João Paulo II, e atuou no Pontifício Conselho Justiça e Paz, como vice, e depois,  como presidente.
No ano 2000, foi convidado para  pregar retiro na presença do papa João Paulo II.
As meditações apresentadas acima, fizeram parte das palestras e meditações proferidas durante esse retiro.

 

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