“Para levar Deus aos homens e homens a Deus”

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

2) Por que a Celebração Dominical da Palavra é tão importante?


Siglas:
SC – SACROSANCTUM CONCILIUM, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 1963.
AVLB – ANIMAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NO BRASIL,  dos. 43 da CNBB
CDAP – Celebrações dominicais na ausência do presbítero.
MEDELLÍN – Documento da II Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Medellín/Colombia, em 1968.
PUEBLA – Documento da III Conferência Episcopal Latino-America, realizada em Puebla/México, em 1979.

Domingo: Dia do Senhor e da Comunidade

O domingo é uma instituição de origem especificamente cristã. Começou com a reunião dos  primeiros cristãos para celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus Cristo, que aconteceu no primeiro dia da semana.

No primeiro dia da semana, Paulo se reuniu com a comunidade de Trôade para a  fração do pão (At 20, 7). Pede que a comunidade de Corinto separe sua ajuda para a comunidade necessitada de Jerusalém,  no  primeiro dia da semana (1 Cor 16, 2), certamente porque era esse o dia de sua reunião. No livro do Apocalipse, o primeiro dia da semana é chamado de domingo, ou dia do Senhor (Apc 1, 10).

Outros documentos antigos também falam do domingo como dia do Senhor e de reunião da comunidade. Por exemplo:
“Reuni-vos no dia do Senhor para fração do pão e  agradecei...” (Didaquê 14,1).

“No dia que se chama o dia do sol, todos (os nossos) que  habitam na cidade ou nos campos se  reúnem num mesmo lugar. São lidas as memórias dos  apóstolos e os escritos dos  profetas, enquanto o tempo permite. Terminada a leitura,  aquele que  preside toma a palavra para advertir, exortar à imitação desses  belos ensinamentos. Em seguida, todos nós nos levantamos e oramos em voz alta...” (S. Justino, I Apologia, 1,67).

A celebração do Senhor ressuscitado e a  ação de graças – eucaristia – são os  elementos essenciais do  domingo cristão. Os irmãos reunidos reunidos oravam, escutavam a Palavra e  eram alimentados com o alimento divino – fração de pão.
O domingo era tão significativo para os  primeiros cristãos, que eles se sentiam verdadeiramente  convidados a participar da reunião comunitária. Nem o  risco de perder a vida, a  prisão ou as torturas os afastavam das celebrações dominicais.
“Mesmo nos tempos de  perseguição e nas regiões de cultura afastada ou  até oposta à fé cristã, de  nenhum modo aceitaram substituir o dia do Senhor, por  outro dia da semana” (CDAP 11). No século III,  31 homens  e 18 mulheres do Norte da África foram mortos, porque, apesar da lei que proibia, continuaram se  reunindo aos domingos.  ‘Não podemos viver sem  celebrar o domingo. É nossa lei’ – responderam ao juiz que os interrogava.

Um documento do século IV, intitulado Constituições Apostólicas, que compila textos mais antigos, apresenta a seguinte recomendação: “Em tua pregação, ó bispo, recomenda e persuade o povo a frequentar a Igreja com assiduidade..., e a não mutilar a Igreja, desligando-se dela, e a não amputar de um membro o Corpo de Cristo...  Não priveis o Senhor de  seus próprios membros. Não dividais o seu Corpo, não dissipeis os seus membros e não prefirais os negócios do século à Palavra Divina... Sobretudo no  dia de sábado e no dia da Ressurreição do Senhor, o domingo, ponde ainda  mais zelo em vos reunir, para dirigir o vosso louvor a Deus que  criou todas as coisas por Jesus, que Ele nos enviou, que aceitou que  ele sofresse e  que ressuscitou dos mortos. Como se justificará diante de Deus aquele que não se junta à assembleia nesse dia, para escutar a doutrina salvadora sobre a ressurreição? Nesse dia, de pé, fazemos três orações em memória d’Aquele que ressuscitou ao terceiro dia; nesse dia fazemos  leituras dos Profetas, a proclamação dos  Evangelhos, a  oferenda do sacrifício e o dom do alimento sagrado”.

Em 321, o Concílio de Elvira, na  Espanhã, decretou que seria  cortado da comunidade quem faltasse três domingos seguidos à celebração.
Tomar parte da assembléia  litúrgica é um imperativo que brota da fé e da comunhão com a Igreja de todos os tempos, em torno do ressuscitado. Daí que,  para  aquele que crê e se sente integrado numa comunidade de fé, “reunir-se no dia do Senhor“ é mais que  uma  obrigação preceitual, é um privilégio.

A missa é a celebração mais apropriada para a celebração do  domingo. No entanto, por causa de falta de ministros, da dispersão populacional e da situação geográfica do nosso continente, em muitos lugares, não  é possível celebrar a Eucaristia cada domingo. Diante desta dura realidade a Igreja deseja que, “mesmo sem a Missa, aos fiéis reunidos em diversas circunstâncias no dia de domingo, sejam abertos com largueza os tesouros da Sagrada Escritura e da oração da Igreja, a fim de não serem privados das leituras que  são lidas no decurso do ano durante a Missa, nem das orações dos tempos litúrgicos.”

Entre as formas que se encontram na tradição litúrgica,  quando a celebração da Missa não  é possível, é muito recomendada a  celebração da Palavra de Deus, que, se for  oportuno, pode ser seguida da comunhão eucarística. Deste modo os  fiéis podem alimentar-se ao  mesmo tempo da Palavra e do Corpo de Cristo.

“Na verdade, escutando a Palavra de Deus reconhecem que as suas maravilhas, ali anunciadas, atingem a plenitude do mistério  pascal, cujo memorial se celebra sacramentalmente na Missa, e no qual participam pela comunhão”. Além disso, nalgumas circunstâncias, pode unir-se  a celebração do dia do Senhor e a celebração de alguns sacramentos,  e  principalmente dos sacramentais, segundo as  necessidades de  cada comunidade” (CDAP 19-20).

Continua...


Fonte:  Caderno I – A Celebração Dominical da Palavra na Comunidade. Em Coleção: Como animar as celebrações dominicais da Palavra.Diocese de Chapecó/SC, 2007, p.8-9.

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